O ASPECTO MORAL DA GENEALOGIA
Por Sebastião Pagano (década de 1930) em artigo da Revista do Instituto de Estudos Heráldico-Genealógicos, transcrito de um discurso desse autor, renomado genealogista, na nossa grafia revisada + notas entre parênteses.
Com o
advento da revolução francesa de 1789*, que deitou por terra os fundamentos da
Tradição (nobreza) na França e no resto do mundo, surgiu uma falsa afirmação de
que a Genealogia somente serviria para “cultuar um passado morto e vaidades
perdidas”, quando na realidade, os princípios tradicionalistas continuam
(século XX) fielmente defendidos pelos que compreendem que não há uma ordem
universal presente ou passada; mas sim, eterna e lógica. Também se verificou
pelos catastróficos resultados decorrentes de mais de 100 anos de princípios
revolucionários (hoje 200, decorrentes da funesta Revolução Francesa de 1789 –
repetida e comemorada exatamente 100 anos após no Brasil, com a deposição e
exílio de D. Pedro II pela conspiração da maçonaria judaica-francesa), que se
impõe uma revisão total e absoluta dos elementos construtores da nossa
sociedade.
E isto
porque, verifica-se facilmente que, dos falsos princípios revolucionários (que
prometiam “igualdade”, “liberdade”, “fraternidade), voltamos à escravidão
cesárea do mundo antigo”. Daí a importância crescente adquirida pela Genealogia
nos nossos dias, não apenas pela simpatia de um passado feliz, mas também pela
revisão dos valores morais e das justas precedências hierárquicas (solapadas pelo
golpe de 1889), esperando o dia em que esta maré revolucionária seja vencida, e
a paz e prosperidade voltem a reinar entre os homens.
Um
ilustre historiador francês do início do século XIX, com o pseudônimo de V
(quinto), na sua obra “Histoire Généalogique des Maisons Souveraines de
l´Europe” (1811), diz logo no seu discurso preliminar:
“A Cronologia, a Geografia e a Genealogia são as
três ciências sobre as quais repousa a História; a Cronologia fornece a data em
que a ação se realiza; a Geografia ensina o lugar onde a ação se desenrola; e a
Genealogia mostra que personagem realiza essa ação”.
“Esta
ciência é (entre outras coisas) a conservadora da ilustração e dos direitos dos
soberanos e faz recair sobre os que a merecem, celebridade, jatos de glória e esplendor
que a posteridade jamais recusa aos seus príncipes heróis que se dedicaram à
felicidade de suas respectivas nações, e transmite freqüentemente, duma família
à outra*, o poder de reinar sobre diferentes povos, ou o direito de co-dividir
impérios”.
“Impõe
aos descendentes dos fundadores das dinastias o respeito, o reconhecimento e a
filial piedade devidas às sólidas virtudes que criaram a sua autoridade, e que
são causa, para os que pagam o justo tributo, de gozar dos direitos
respeitáveis, de serem sobre a face da Terra, os representantes da imagem da
divindade”, ou representantes da Justiça e do bem público.
Note-se
que esta afirmação está em consonância com a encíclica de Leão XIII, “Imortale
Dei”, sobre a constituição cristã dos estados, confirmando as palavras do
apóstolo Paulo, de que “não há poder que não venha de Deus”, na carta aos
Romanos, cap. 13-1, e que “todo homem esteja sujeito às potestades superiores”
(idem). Ou “aquele que resiste à potestade, resiste à ordenação de Deus. E os
que lhes resistem, a si mesmo trazem condenação” (idem, cap 2). (biblicamente,
este respeito é aconselhado também em relação a qualquer outra autoridade
constituída, inclusive pagã).
Evidentemente,
daí se deduz logicamente, que a condenação se encontra também na desordem
resultante em prejuízo do próprio rebelde que, desacatando a autoridade
legítima, se autoproporciona um prejuízo incalculável, pois todo o poder foi
dado por Deus para o bem, não existindo, portanto, um poder essencialmente para
o mal, assim como o filho é naturalmente subordinado ao pai sem nenhuma
alegação de “acaso” de nascimento e ao pai só lhe foi dado poder sobre o filho
para o bem deste. Nestas bases (divinamente outorgadas), servindo ao soberano e
pai sociais, serve-se o súdito a si mesmo. A este respeito, vide “A Autoridade
e as formas de Governo, finalidade da sociedade Civil e do Estado”, conferência
da nossa autoria publicada em “A Ordem”, de agosto de 1934.
Daqui,
tiraremos conclusões importantes, não apenas de ordem política, mas também
pedagógica, social, biológica e histórica. Tão importante é o estudo da
Genealogia que o insigne autor citado, diz ainda que ela é “indispensável aos
que querem escrever, ensinar ou conhecer de uma maneira precisa, a história de
cada nação”.
“É uma
ciência-mãe para os que se entregam ao exercício do Direito Público, da Diplomacia
e da Política. Ninguém poderá raciocinar sobre os direitos do seu príncipe,
representá-lo nas cortes estrangeiras ou servir aos seus interesses como
ministro, ou como homem público, se não conhece a fundo a história genealógica
de sua casa e de suas alianças. Tanto é verdade esta afirmação, que o célebre
Leibnitz, o sábio mais universal da Europa, soube render à Genealogia toda a
homenagem que merece, publicando a Crônica de Alberico, monge de
Trois-Fontaines, na qual se encontra, sobre a genealogia da idade média, tudo o
que se pode desejar de mais útil e de menos imperfeito. Os séculos subsequentes
viram nascer genealogistas que honraram esta ciência, e que prestaram enormes serviços
à Literatura”.
É verdade
que a revolução francesa (ou conspiração mundial franco-maçônica) destronou e
procura destruir grande parte das dinastias (como a do Brasil), mas como a
História não pode deter-se em seu curso, honestamente não se pode deixar de
estudar um passado que poderá vir a ser futuro; e que é patrimônio da
humanidade, pois a Tradição é “o que passa adiante”, não morre, e não sabemos o
que o futuro nos reserva com toda a série de imprevistos e sucessos
espantosos.....................................
AS
HIERARQUIAS HISTÓRICAS
Falamos
expressamente da Nobreza medieval, que se distingue completamente das
aristocracias patrícias (romanas) do passado, oligárquicas e poderosas. A
nobreza é uma instituição essencialmente cristã (católica) porque Nobreza é
valor moral, é a grandeza a serviço do bem; a força a serviço da Verdade, da
justiça, do valor, da dedicação, do espírito de renúncia, protegendo o fraco,
defendendo o humildes, as viúvas, os órfãos, respeitando a todos. A Nobreza
abrangia os homens nas suas mais altas qualidades morais, pois Nobreza quer
dizer caráter, virtude. Ora, as aristocracias da antiguidade não se distinguiam
por este traço de unificação, antes, eram apenas famílias poderosas, mas
ferozes. Os patrícios de Roma ou os Arcontes de Atenas tinham por base a
escravidão e desconheciam totalmente a noção de caridade que caracteriza a
Nobreza, a qual é baseada no amor aos seus semelhantes, devido ao temor e amor
a Deus. A Nobreza é a Cavalaria propriamente dita. Daí o justo orgulho destas
nobilíssimas dinastias que fizeram a civilização (ocidental) no seu sentido
mais absoluto. E nada mais digno de ser imitado que as virtudes dos nossos
antepassados que foram grandes, porque foram virtuosos, porque usaram do seu
poder em favor de um ideal de justiça e temperança, mesmo diante de todas as
imperfeições humanas, e que foram baluartes da nossa civilização.
Seria
preciso enfatizar ainda mais o valor social e civilizador dessa instituição?
Que é afinal, a civilização? Responde Mons D’Hulst: “É o conjunto de
instituições que torna o homem melhor e mais feliz”. E o quê, poderia fazer o
homem melhor e mais feliz? É a sua força
moral, pois não são as riquezas ou o poder em si mesmos considerados
(porque os Césares de Roma eram infelicíssimos); não são a saúde ou força
física, glória, cultura ou fama, por si mesmas, mas sim, o homem por inteiro ao
serviço de Deus, o que é o bem estável, sumo e perfeito, justo e bom, belo e
verdadeiro.
A
felicidade consiste na consciência repousando nesse bem supremo, porque nesta
vida, onde tudo é transitório, não há felicidade completa. Assim, pois, as
nossas ações neste mundo com visão de outra vida, e, portanto, com os olhos
fitos em Deus, em perene alegria e entusiasmo realizador, benfazejo, nos dará o
ideal do Cavaleiro. E estes, do nada tiraram tudo! Essa legião de heróis, do
nada construiu a nossa civilização, e quando eram armados cavaleiros, não
tinham um soldo na algibeira (não eram soldados mercenários) e souberam
compreender nos altos postos, que o principado político é um principado moral e
não pode nem o deve exercer, quem não estiver gozando da Graça de Deus, porque
não compreenderá a razão de felicitar aos outros, que estão na sua dependência.
Entre
outros, Leon Gouthier, na sua monumental obra “La Chevallerie”, prêmio da
Academia Francesa, nos dá uma noção da caluniada Nobreza, a qual enche a
história da cristandade com as mais belas gestas e larga generosidade. Qual
ideal “humanista” poderia substituir o ideal cristão? Qual filosofia, quais outros
princípios senão os cristãos poderiam estruturar o caráter desses homens? Que
outro conjunto de afirmações, que não as do cristianismo, poderiam gerar as
universidades, os exércitos invencíveis, as gestas maravilhosas, a cultura, as
artes, as ciências, o progresso que a era cristã nos apresenta em face de toda
a História Universal?
Indiscutivelmente,
essa força moral no seu sentido máximo foi o legado do cristianismo, que,
arrancando o homem da escravidão cesárea da antiguidade, deu-lhe a exata noção
da sua personalidade, formada em corpo, alma e espírito; alma imortal e livre,
dando-lhe, portanto, a consciência da liberdade e do amor entre os homens,
afirmando definitivamente a (instituição divina da) família para patrícios e
plebeus; a igualdade verdadeira dos homens perante Deus, a certeza do nosso
destino eterno, a noção exata do quê somos, de onde viemos e para onde vamos; a
consciência de uma verdadeira noção da vida, do universo e seus destinos e a
conseqüente ordem política, social e econômica baseada na caridade cristã, que
é, esta sim, a FRATERNIDADE LEGÍTIMA. Esta é a verdadeira tríade: LIBERDADE,
IGUALDADE, FRATERNIDADE, que a revolução (francesa) destruiu, plagiou, deformou
e falseou ao seu talante.
Ora, se a
família é uma instituição natural, mas básica na doutrina cristã, sendo a
Igreja a mais impertérrita do vínculo conjugal, e mesmo na antiguidade a
defendeu pela antiga Lei (mosaica) e o povo hebreu manteve as linhas de
sucessão familiar e foi essa a razão da sua força (e até hoje os judeus são
ciosíssimos da sua genealogia), a Genealogia é, pois, uma ciência que deve à
igreja católica o seu esplendor, traçando às famílias a norma de sua
organização e da sua propriedade, nela assentando a vida da sociedade. A
Nobreza, pois, não é mais que a decisiva afirmação da instituição (divina) da
família e dos princípios da vida social cristã.
Há de
honrar-nos, pois, saber as virtudes dos nossos avoengos que construíram esta
civilização definitiva e que foram esteio dessa ordem maravilhosa. Mesmo as suas
prevaricações e os seus erros são o nosso horror, e para corrigi-los e
repará-los, as futuras gerações devem se empenharem aumentar o mérito de suas
famílias. Se ficam as honras, ficam as faltas que devem ser reparadas com (o
acréscimo) de mais honra. E isto é forte na pedagogia social.
A
Genealogia, mais que todas as outras ciências, é a ciência do valor humano da
civilização. Não é apenas a ciência biológica materialmente falando, henoteica,
do valor do sangue. Ao contrário, é espiritualista no mais alto sentido, porque
transfere às gerações póstumas todo um manancial de ensinamentos e de bom nome,
de justiça e coragem, de disciplina e hierarquia, de honra e correção, polidez
e lealdade.
Haverá
coisa mais bela que cultuar na hereditariedade do sangue dos nossos avós o bom
exemplo que devemos imitar? Haverá coisa mais bela que relembrar as gestas
inefáveis, os feitos gloriosos, os sacrifícios sem nome por amor a Deus que é a
fonte de todo poder, de toda ordem, de toda hierarquia, de toda a civilização,
portanto? Não, não podemos esquecer a cultura, a genialidade o esforço; não
podemos esquecer que nossos ancestrais foram Cavaleiros de Deus: gládio em
defesa da cruz, e, portanto, em defesa do bem, da ordem, e paz cristã, que
faziam a ordem perfeita. E com isto temos dito tudo o quanto de mais alto se
poderia dizer do valor moral de uma ciência.
Para nós,
as demais aplicações utilitaristas da Genealogia são acidentais: O essencial é
este aspecto sublime em que a Genealogia é a verdadeira ciência da família e da
educação. Ora, a sociedade só é grande quando as famílias têm ordem e
dignidade. E quando uma sociedade é assim superior, a civilização que a envolve
é grandiosa, próspera, magnífica e bela.
Sem dúvida, a Nobreza é a floração mais preciosa das famílias cristãs,
por tudo quanto nela é elevado e magnânimo. Foi por isto que a Nobreza, sendo a
mais diminuta e restrita de todas as classes sociais, deu à Igreja o maior
número de santos, a começar por N.S. Jesus Cristo, príncipe real da casa de
David. Por isso a Genealogia fala mais diretamente à Nobreza, que é a mais alta
expressão da família. E a todos é licito e justo se orgulharem do seu sangue,
pois até Jesus se orgulhava da sua real estirpe e não se opunha a que o
aclamassem como “Filho de (rei) David”. Portanto, não devemos inverter valores,
e por causa do grosseiro utilitarismo do século (XX) esconder – como que
vexados – o culto às virtudes daqueles que já passaram. Essa é a razão porque a
Genealogia é mistér dos que se honram de suas linhagens, sejam elas quais
forem, embora desrespeitosamente chamem a isto, justa ou injustamente,
“vaidade”.
A vaidade
não pertence à Genealogia, porque é vil, e a Genealogia é a ciência da nobreza
(de espírito). Ora, quem se envaidece, já de início afirma a sua nenhuma dignidade,
a sua vileza, porque o nobre é modesto e afável, sem orgulho e sem preconceito.
É altivo; e não se confunda altivez, que é virtude, com vaidade, que é vício.
Sendo a
Genealogia uma ciência que encontra seus materiais nas linhagens passadas, na
sua expressiva expansão social, forçosamente o genealogista haverá de
encontrar-se diante dos feudatários, dos cavaleiros, dos barões, dos condes,
dos marqueses, dos duques, dos príncipes, dos reis e dos imperadores. Nesse
caso, que faremos para satisfazer os preconceitos antinobiliárquicos?
Esconderemos a História de UM MILÊNIO E MEIO, envergonhados? Apagaremos o
passado (como de fato se faz hoje no Brasil)? Não, se o encararmos apenas do
ponto de vista essencial da Genealogia nos seus estritos valores: político,
pedagógico, social, biológico e histórico. Estes, o homem de ciência não poderá
negá-los, porque a ciência (verdadeira) não tem preconceitos, ama a verdade
acima de tudo. E, assim considerados os valores nobiliárquicos, aqui não entram
estultas vaidades que por si já desdizem as pretensões nobiliárquicas, porque
só é nobre quem é simples e limpo de coração.
A
História servirá de guia para mostrar-nos a utilidade do critério genealógico,
pela ação do homem dentro do tempo e do espaço, na política e na sociedade,
sendo que da sinderese destas duas encontraremos os aspectos pedagógicos e
biológicos.
ASPECTO
BIOLÓGICO (pulamos este capítulo)
A
TRADIÇÃO NOBILIÁRQUICA
Essa
instituição de governo exigia e condicionava um conjunto de virtudes superiores
(cívicas e morais), e nobres, portanto, através de um duro aprendizado da
vontade (auto-sacrifício e disciplina), a que se chamou, em toda a sua extensão
– Nobreza!.......................................................................................................................................................................................................................................................
Como
exemplo de meio condicionante, pedagógico, lembremos que o fim infeliz da
princesa de Lamballe não é menos nobre que o de seu cabeleireiro Leonard, que
impressionado pelo assassinato da rainha, e por conhecer de perto a sinceridade
dos bons sentimentos dessas altas personagens, correu horrorizado a atirar-se
no Rio Sena, afogando-se. Ele era um pequeno burguês que tinha a alma de
gentil-homem, porque o exemplo da Nobreza se irradia aos próprios serviçais, e
as famílias que estão no ápice da sociedade devem ser o paradigma da dignidade,
largueza de coração, dedicação e da amizade; da intrepidez e da coragem, da
serenidade e da justiça, da liberalidade e retidão, da rigeza de atitudes e
suavidades no fazer e aplicar a justiça. O horrendo pecado do suicídio foi,
também, no obscuro cabeleireiro, uma expressão de bem-querer, de reconhecimento
aos méritos de tão alta personagem, e a sua louca atitude é, contudo um
apontador dos que os seus bons sentimentos não estavam controlados por aquela
boa educação que os séculos conferem às famílias nobres.
O homem
vil não pode ter os mesmos rasgos perfeitamente gentis do cavaleiro. A
elegância de boas maneiras não se improvisa. Se o cisne é elegante na sua mais
bela expressão, é porque os seus gestos são simples e graciosos, como ó é da
essência da elegância. A simplicidade de maneiras só se adquire pelo
nascimento, pelo convívio, pelo temperamento. Forçoso é reconhecer essa verdade
de que nem mesmo se querendo é possível transformar-se um plebeu, um vilão, um
burguês, um “parvenu”, num gentil-homem. E essa verdade é tão evidente que as
“mesalliances” têm provado não ser fácil conseguir este espírito de serenidade,
sobranceria, docilidade, benignidade que caracteriza a verdadeira
Nobreza......................................................................................................
Dizia-se,
aliás, que não havia maior inimigo da Revolução (francesa) do que os criados de
quarto, porque estes, mais do que os outros conheciam de perto a bondade, a
superioridade e magnanimidade desses injustiçados aristocratas, no mais íntimo
das suas atitudes, onde não são possíveis artifícios. Daí porquê a revolução
não encontrou no povo honesto francês o respaldo e a aprovação, e sim no
populacho ignaro, nos desclassificados, e ao contrário, com a ajuda destes
últimos (massa de manobra) levou à morte na guilhotina milhares de verdadeiros
representantes do povo, fiéis que eram àquelas casas nobilíssimas cujo sangue
estava identificado com a terra pátria, e eram eles mesmos a sua história viva,
e a cuja sombra protetora se abrigava, numa íntima colaboração de interesses
comuns existentes entre o (verdadeiro) Povo e a Nobreza (perfeitamente
sintonizados num excelente pacto social).
Não será
preciso se exceder em demonstrá-lo, porque os anais da História estão pejados
dos exemplos mais eloqüentes e belos. Quando morre um rei, o sentimento é universal.
Bondosos e gentis mesmo na agonia da morte, são eles a expressão mais marcante
dessa avita Nobreza, e as suas proclamações, os seus manifestos, suas cartas,
suas despedidas, todos os seus escritos revelam a brandura das suas maneiras
amáveis. Ainda em nossos dias se dão disto testemunho.
O mundo
atual sofre a ausência de galanteria e gentileza. Os gentis e galantes-homens
estão à margem dos acontecimentos. A sua influência moral é insignificante,
embora a sua ação não tenha desaparecido. Estando o mundo cansado de
experiências trágicas e funestas, quando os homens ressuscitarem o “espírito da
nobreza” que nas guerras dava ao inimigo a prioridade no ataque, não sitiando
as cidades pela fome, não ensangüentando as armas nobres com o sangue inocente
(em oposição ao atual “pragmatismo” imoral dos EUA), então aquela lealdade,
correção e fidelidade à palavra dada, que era a própria honra dos nobres,
voltará a reinar sobre a Terra. Porque a palavra de um rei não retrocede, isto
porque a caridade cristã, que é o fundamento da Nobreza, implicava no
cumprimento de uma promessa a que se não pode fugir por decoro, por um
princípio de dignidade e altivez e por justiça ao prometido.
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