quinta-feira, 8 de junho de 2023

D. RAMÓN DE BONIFAZ Y CAMARGO 1º Almirante de Espanha!

1° ALMIRANTE DE ESPANHA!

Almirante D. Ramón de Bonifaz y Camargo, Criador da Armada Espanhola
A Retomada de Sevilha em 1248


Sobre este outro personagem castelhano citado, Almirante Ramón Bonifaz y Camargo, foi ele quem comandou a frota armada, em 1248, carregada de cavaleiros vindos da setentrional Vizcaya (armadora, com estaleiro vizinho ao de Santander) rumo à Sevilha, tendo à frente da cavalaria o próprio rei católico e santo guerreiro D. Fernando III de Espanha.


A entrada do grande Rio Guadalquivir que dava acesso a Sevilha, estava barrada pelos invasores mouros muçulmanos, por uma longa corrente que se estendia de uma margem a outra, com suas pontas presas à duas torres gêmeas, uma em cada margem; e nela atracada uma frota de barcos armados. Os dois primeiros navios de Bonifaz possuíam enormes serras de ferro adaptadas aos mastros de proa também blindada de metal, e com elas arrebentaram as correntes, dando entrada à cidade. Porém, não houve luta: O alcaide mouro obedeceu a ordem do Rei D. Fernando para desocupar pacificamente a cidade de cerca de cem mil habitantes, porque a maioria já fugia atemorizada, diante da chegada de tão famosos campeões* da temida Cavalaria Castelhana!
Assim nos informa o cronista espanhol da atualidade, Yague Garcês: D. Ramón de Bonifaz y Camargo é - sem qualquer contradição* - natural da cidade de Burgos, a cabeça de comarca castelhana, como ficou tradicionalmente registrado no famoso "Livro Armorial da Confraria da Paroquia de Santiago da Fonte de Burgos", com toda sua linhagem, genealogia e parentela; tanto dos Bonifaz patrilineares, quanto dos Camargo matrilineares, descritos y miniaturizados cada qual com suas armas heráldicas, e alguns até assinalados como bravos cavaleiros na Arte do Bofordo.

O citado códice (o mais antigo e conservado armorial equestre do mundo!) já nos apresenta D. Ramón como Prefeito de Burgos e todos os demais biógrafos confirmam plenamente a sua autêntica naturalidade burgalesa. Mas recentemente, alguém quis insinuar que ele "procederia da cidade de Laredo", como reza o velho axioma: "quem não conhece a História, inventa uma". Acrescentamos entretanto, que essa nova biografia está de forma geral, conformada com as tradicionais, somente divergindo em relação à localidade referida. Ela acrescenta ainda o segundo apelido, coincidente com o povo montanhês (de Camargo), que outros caronas embarcaram na suspeitosa "origem francesa", da região homônima de Camargue, ou La Camarga (improvável, como já demonstramos - na realidade, uma coincidência linguística celto-cantábrica, comum às duas localidades do mesmo nome).

De sua autênticidade burgalesa, tampouco ficam dúvidas na Crônica Geral de Alfonso X, sua contemporânea, onde se afirma peremptoriamente que ele era “Omne de Burgos” e “Sabidor de las cosas de la mar”.* A data de seu nascimento em Burgos é de 1196 e pouco mais tarde já aparece documentado como possuidor de propriedades no bairro de San Llorente e fica muito provável que tivesse assistido, aos 16 anos de idade, à "Onsadera Burgalesa" da batalha de “Las Navas de Tolosa” junto aos cavaleiros de sua linhagem (estes, sem dúvida, muito bem documentados!), como era costumeiro à época e de onde ele daria os seus primeiros passos na carreira militar que continuaria exercendo, até ocupar o cargo maior de "Prefeito da Fortaleza e Cidade de Burgos", comissão esta, mais militar que política, como facilmente se deduz! 
*Não obstante as veementes negativas do cronista, algo bairristas, cremos que há plausibilidade nessa afirmação, pois sendo "homem conhecedor das coisas do mar", poderia mesmo ser um praiano castiço da litorânea Laredo, já que Burgos é uma cidade montanhesa, com poucas chances desse aprendizado. (Haveria, claro, a possibilidade de ter nascido em Burgos e descido à Laredo, onde tomaria contato com o mar -  menos provável - porquanto o caminho natural é o inverso, o praiano se deslocando dum incipiente vilarejo litorâneo à capital, em busca de projeção pessoal).
Sevilha em 1248
Ocupando este alto cargo, recebe a convocação em 1245 do Rei São Fernando, para acompanhá-lo nas campanhas de Jaén e Baeza (1227) onde protagoniza brilhantes façanhas militares. Já naquele mesmo ano, o Rei lhe encomenda a construção de uma esquadra naval para a retomada de Sevilha, ciente que estava dos seus conhecimentos militares que, naquela época, não se diferenciavam dos marítimos, pois os navios só eram empregados ocasionalmente como meio de transporte de soldados, como assim nos informam a Crônica: "Remon Bonifaz, un omme de Burgos, vino ver al rey et al rey plogo mucho del, et desque ovo sus cosas con el fablado, mandol luego tornar apriesa que fuese guisar naves et galeas et la mayor flota que pudiese et la meior guisada, et que se viniese con ella para Sevilla". Com este encargo se dirige às vilas marítimas da região de Castela, situadas em Santander, Vizcaya y Guipuzcoa, onde constrói e organiza uma importante armada que leva ao Sul, reforçando-a de variados petrechos, durante sua passagem por alguns portos das Astúrias e Galicia.
O Cerco da Nau de D. Ramón, por barcos mouros carregados de artefatos incendiários ("fogo grego"), com o intuito de queimar a frota hispânica, antes que pudesse atravessar a barreira (ponte) de barcos acorrentada às duas torres gêmeas marginais do Rio Guadalquivir.
Em primeiro de Agosto se defronta com a embocadura do Rio Guadalquivir, onde vence a frota sarracena de zabras e flecheiros de Abu Qabl, que pretendia impossibilitar-lhe o acesso; e ali mesmo derrota também outra frota que vinha trazendo reforços da África moura. Subiu o rio até Sevilha, que estava protegida por um pontilhão composto de barcos fortemente acorrentados às torres gêmeas, onde desembarcou a cavalaria e cercou a fortaleza de Triana, evitando assim a entrada do apoio das tropas do Rei de Niebla, Suayb ibn Muhammad ibn Mahfuz, que também vinha em seu socorro. Só faltava para a conquista definitiva de Sevilla, a destruição da barreira de barcos que a protegia, entre a Torre do Ouro e sua irmã gêmea Torre de Triana. Os muçulmanos tentaram aniquilar aquela Esquadra de Castela incendiando-a, junto com seus combatentes, mediante uma grande balsa cheia de “fogo grego”, uma especie de bomba incendiária gigantesca, mas que foi evitada pela decisiva intervenção do Almirante, como narra a Crônica: “Et asmaron de fazer una balsa tamanna.../... et que la ynchiesen toda de ollas et de tinaias llenas de fuego greguiesco et dizenle en arauigo.../... et resina et pez et estopas.../... et mouieron asy muy demodados contra las naues de los cristianos para gelas quemar et començaron a echar fuego.../... mas non fueron muy sabidores ca pues ellos empezaron a mouer faciendo grandes roydos de trompas et de tanbores: los vnos de las naues de los cristianos que estauan apareidos et muy aperçecbidos los reçibieron de tal guisa et fueron recodir con ellos que los fezieron ser represos del ardimente que tomaron et del cometimiento que ouieron fecho”.
Superado o cerco sofrido, D. Ramón recebe do rei D. Fernando a ordem de romper a ponte de barcos, e para tanto manda blindar as proas dos seus dois melhores navios, incluindo o seu. Esperou o momento propício em 3 de Mayo de 1248, uma vez benzidas as naves por San Telmo, que acompanhava o Santo Rei e aproveitando o vento favorável e a subida da maré, se lançaram contra a ponte com todo ímpeto dos remadores! A primeira a investir foi a outra nave, que a fez estremecer; logo atrás, talvez mais pesada, chegava a nave capitânea de Bonifaz, com tão feroz arremetida, que rompeu definitivamente as grossas correntes: "… et mando a Remont Bonifaz, con quien se conseio et otros que y fueron llamados que eran sabidores de la mar, que fuesen ensayar algun artifiçio commo les quebrantasen por alguna arte la puente, si podiesen, porque non podiesen unos a otros pasar. Et el acuerdo en que se fallaron fue este que fezieron: tomaron dos naves, las mayores et mas fuertes que y avie, et guisaronlas muy bien de todo quanto mester era para fecho de conbater. Esto era en dia de sancta Cruz, tercer dia de mayo, en la era de mill et dozientos et ochenta et seys; et andava la era de la Encarnaçion del Sennor en mill et dozientos et quarenta et ocho annos. Et esse Remont Bonifaz, guisado muy bien, entro en la una nave con buena conpanna et muy guisada de muchas armas; en la otra nave entraron aquellos que se don Remont Bonifaz escogio, omnes buenos et buena conpanna et bien guisada. et la nave en que don Remont yva, descendio muy mas ayuso que la otra. Et el rey don Fernando, en crencia verdadera, mando poner ençima de los mastes desas dos naves sendas cruzes, commo aquel que firme se avia de toda creençia verdadera.../...La nave que primero llego, que yva de parte del arenal, non pudo quebrantar la puente por o acerto, pero que la asedo yaquanto; mas la otra en que Remont Bonifaz yva, desque llego fue dar de frente un tal golpe que se passo clara de la otra parte". Continua a crônica, ressaltando a vitória final: “... consistió toda la victoria, porque los moros desde aquella hora conocieron ser vencidos".
 
E assim aconteceu, pois no dia 23 de Novembro não houve outro remédio ao Rei Taifa Axataf, senão capitular, devolvendo Sevilha a Fernando III de Castela quem, como única condição, exige que a cidade evacuasse todos os muçulmanos, pelo que saíram dela mais de cem mil, deixando-os marchar livres, demonstrando ali a sua misericordiosa índole cristã. Já os libertadores castelhanos entram na cidade recebidos como nos indica a crónica: "... aos 22 dias do mês de dezembro, dia da translação de Santo Izidoro, arcebispo que foi da nobre Sevilha, recebeu o Santo Rei com procissão de todo o clero e de toda a gente cristã local, com muitos louvores bendizendo a Deus e ao bom Rei, que lhes trouxe a vitória" (Aleluia)!
Recriação Artística da Ribeira do Rio Guadalquivir e suas torres gêmeas, em Sevilha
Uma vez já restabelecida a posse daquela cidade hispânica de raiz, limpam e dragam o leito do rio, criando assim o porto mercantil onde puderam fundear naves de maior calado, e criando também para Castela, a necessidade de contar com uma armada naval permanente, pelo quê o Rey encarrega D. Ramón de erigir e disponibilizar os Reais Estaleiros de Sevilha, para construção e provimento de embarcações de grande porte. Bonifaz y Camargo é recompensado com senhorios e propriedades em Sevilla e Burgos e em 1250 foi nomeado pelo monarca como Almirante de Castilla, sendo a primeira vez que aparece este titulo na Espanha, cargo que se descreve como: “cabildo de todos os navios de guerra”, constituindo-se desta forma a primeira Armada Espanhola com ordenanças militares, pois as anteriores “Ordinatione Riparae” eram voltadas tão somente à marinha mercante. Estas ordenanças criadas pelo famoso burgalês, foram posteriormente assimiladas no “Código das Sete Partidas”.

Com Bonifaz y Camargo, Alfonso X outorga em Burgos privilégios que alcançam a Puebla de Bilbao e seu porto, Santander e Laredo, todos como co-participantes da dita "gesta" (proeza épica): “…Esta merced les fago por el mucho servicio que fisieron al Rey don Fernando, mio padre, e a mi, mayormente en la presion de Sevilla” - feito este, que os montanheses (de Burgos) ainda conservam em seu escudo, onde se vê o navio de Bonifaz y Camargo rompendo as grossas correntes de Sevilla. Em 1256 faleceu nosso Almirante en Burgos sendo sepultado no Monastério de San Francisco. 
Fundado por ele, sob a sua lápide constava a seguinte inscrição: “Aquí jaz o muito nobre e esforçado cavaleiro Don Ramón Bonifaz y Camargo, primeiro Almirante de Castela que retomou Sevilha. Morreu no ano MCCLVI”. Posteriormente a Rainha Católica Dona Isabel, em uma de suas visitas mandou acrescentar: “que foi reconquistar Sevilha com o rei Don Fernando”. Por seu testamento sabemos que esteve casado três vezes: “con doña Andrea Grimaldo, con doña Luisa de Velasco et con doña Teresa Arias de las que hubo dos hijos et cuatro hijas”. Durante a invasão francesa dito monastério foi bombardeado, além da desidiosa "amortização" de Mendizábal fizeram desaparecer seu sepulcro, mas não obstante, a Cidade de Burgos segue recordando este seu esclarecido filho, com uma rua central dedicada ao seu nome, perto da antiga localização de sua casa e possessões. Pela passagem do 700º aniversário da liberação de Sevilla, foi instalada na Torre de Santa María de Burgos, uma placa comemorativa com a seguinte inscrição:
A RAMÓN DE BONIFAZ (Y CAMARGO) “UN OME DE BURGOS Y ALCALDE DE LA CIUDAD, LE DESCUBRE LA GLORIA DE VIRILES PROEZAS AL FRENTE DE LOS MARINOS DEL MAR CANTABRO EN LA CONQUISTA DE SEVILLA, LOGRADA POR SAN FERNANDO REY 1248". 


FIM
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