sexta-feira, 9 de junho de 2023

Urbanismo Colinário - Uma Tradição Greco-lusófona

As Fundações de São Paulo e o papel da acrópole
São Paulo nasceu sobre uma colina. Embora pouco reste hoje de sua fisionomia original, por trezentos anos a originária vila, depois cidade, (transferida  da Aldeia e Campo de Piratininga, atual Luz antes Guaré, fundada em 1532 pelo donatário D. Martim Afonso de Souza) foi refundada em 1554 sobre a Colina Histórica dominando os arredores dominados pelas várzeas inundadas, seguindo padrão característico das fundações urbanas coloniais luso-brasileiras. Mais; quando nos deparamos com o núcleo que a iconografia e a cartografia registram com clareza e pela primeira vez na virada do século XVIII para o XIX, temos um exemplar marcante de ocupação em acrópole, reunindo muitos dos principais traços do urbanismo de colina de "raiz portuguesa" ou antes, de antiguidade mediterrânica, tendo por epicentro a Grécia Antiga. Cidade de colina ou colinária por excelência, poderia ser vista como compêndio de elementos e soluções do gênero, encontrados em nossa urbanização colonial.

Embora o papel estratégico da região dos campos de Piratininga – situada num dos entroncamentos do antológico caminho indígena do Peabiru, que ligava o litoral às bacias dos rios Paraná e Paraguai, e dali ao altiplano andino do Peru – logo tenha sido identificado pelos colonizadores, a escolha por uma fundação em acrópole não foi imediata. A história de São Paulo – região de gente "eminente e arrebatada", no dizer do recalcado baiano Rocha Pitta (e muito criticado e repreendido pelo nosso historiador paulistano Pedro Taques) começa em 1532 com a expedição de D. Martim Afonso de Souza – Almirante da armada com a qual Dom João III pretendia retomar o controle da costa brasileira e explorar o rio da Prata, segundo o nosso 1º historiador vicentino, Frei Gaspar da Madre de Deus, primo de Pedro Taques. Naquele momento, o complexo estuarino de ilhas e manguezais, descoberto em 22 de janeiro de 1502, dia de São Vicente, era conhecido como Porto dos Escravos, onde portugueses e espanhóis pré-colonizadores, em geral degredados, traficavam cativos indígenas. Mais ao Sul, em Cananeia, outro grupo dedicava-se ao mesmo comércio (o famoso "Bacharel", que depois se muda para S. Vicente). Ambos eram terminais da rede de caminhos de mato pisado, conhecida como Peabiru, que ligava o litoral aos domínios incas, como nos informa Teodoro Sampaio.

Frustrada sua tentativa de subir o Prata, em 1532 Martim Afonso resolve investir na ocupação da área de São Vicente, que lhe foi concedida como parte da capitania hereditária (1534-1536). Limítrofe à linha de Tordesilhas, a região vicentina era ponto estratégico nas disputas entre castelhanos e portugueses. Ali seria preciso controlar não apenas a costa, mas os caminhos do planalto – seja como acesso às riquezas do altiplano, ou como ponto de partida para o preamento catequista das numerosas tribos indígenas do planalto.

Uma vez transposta a íngreme (embora de inclinação mais suave) serra de Para­napiacaba, a região de Piratininga era livre de matas pesadas, tinha o clima temperado, e ali o piscoso Tamanduateí desaguava no Tietê – rio que esboçava caminho natural para o interior (Caio PRADO Jr., 2012). Portugueses já lá havia (João Ramalho, marido da índia Bartira, filhos e netos); Martim Afonso aliou-se a esses pioneiros e organizou-os, junto com os recém-chegados, em duas vilas, uma no litoral, a de São Vicente, primeira sede da capitania, outra no planalto, a de Piratininga (LEITE, Gilberto, 1954).

Quanto ao sítio, nenhuma das primeiras escolhas foi feliz. O porto insuficientemente protegido de São Vicente (e logo atacado de fato pelos piratas ingleses) foi superado pelo estuário de Santos, criado já em 1536 no outro extremo da mesma ilha litorânea, recebendo foral de vila em 1546. 

Quando Tomé de Souza assumiu o Governo Geral do Brasil em 1549, sediado na Bahia, desenhou-se nova política para a colônia: o cultivo de cana-de-açúcar, já iniciado em São Vicente e Pernambuco, foi priorizado. Para tanto, a ocupação da costa seria completada e fortalecida, evitando-se incursões pelo interior (Teodoro Sampaio; RUIZ, 2004). 

A colaboração dos primeiros jesuítas seria outro fundamento desse projeto – intermediando as relações com os indígenas, pacificando-os em aldeamentos e legitimando, pela catequese, o domínio português. Posteriormente à primitiva fundação altiplana da Vila de Piratininga campestre, por Martim Afonso em 1532, Tomé de Souza nesta data de 1549 proibiu novas subidas de portugueses de São Vicente ao planalto. Preocupava-se em manter fortalecidas as posições conquistadas do litoral, evitando a criação de núcleos afastados, sem controle e evitar o acesso indiscriminado a possíveis regiões aurífera$, reservadas à Coroa, além de coibir o contato com castelhanos do Oeste (Paraguai).

Em 1553, Nóbrega passou da Bahia a São Vicente, acompanhando a última viagem de inspeção de Tomé de Sousa. Relatos sobre a docilidade dos tupi-guaianás – contrastando com os aguerridos trogloditas antropófagos tupinambás da Bahia – despertaram a ideia de concentrar o esforço dos jesuítas naquela região semi-pacificada. Subindo a Serra do Mar em Fevereiro de 1553, o governador-geral expediu ordem aos mesmos de se reunir num povoado na Borda do Campo, junto à ermida existente de Santo André e sob o comando de João Ramalho. Em seguida, o núcleo andreense recebeu foral de vila por parte do capitão loco tenente Antonio de Oliveira, em nome do donatário Martim Afonso.

Nóbrega já alimentava a ideia de levar o projeto jesuítico aos sertões do Sul, tendo escrito para o governador e para o provincial da Companhia de Jesus em Portugal, sem contudo, obter autorização para criar uma casa inaciana no planalto. Seus conflitos em Salvador com o bispo Sardinha contribuíram para que permanecesse em São Vicente, de onde subiu a serra em agosto de 1553 para batizar 50 meninos índios. Percorreu o planalto por cerca de um mês, encontrando-se com o pré-colonizador João Ramalho e seu sogro, o morubixaba Tibiriçá. Confirmado seus propósitos, escreveu em Outubro ao próprio rei (BUENO, 2006). Recebeu então sua nomeação como vice provincial da Companhia de Jesus no Brasil (Frei Gaspar, 1975) e assim fortalecido, decidiu consolidar por conta própria o núcleo de catequese no planalto pela criação de uma "casa de meninos" (Casa de São Paulo, depois colégio). Para tanto, foi escolhido, em vez do desprotegido povoado de Santo André, outro sítio próximo à antiga povoação campestre e entre-rios de Piratininga, onde se concentravam os tupi-guaianás  mais dóceis (do tupi, guaiá), da tribo de Tibiriçá (jamais Tupininquins, que eram seus colaterais, mas inimigos canibais; nem "guaranis" do Paraguai, que só viriam no século seguinte, trazidos pelos bandeirantes de Raposo Tavares.

A COLINA HISTÓRICA
Tratava-se de uma colina entre o Rio Tamanduateí e seu afluente Ribeirão Anhangabaú, que contava com várias vantagens: tinha significado religioso para os índios (A Pedra Itaecerá); dispunha de fontes de água potável; era ponto dominante na paisagem, facilmente defensável, e estava ao lado do trecho mais piscoso do rio Tamanduateí ou Piratininga ("peixe seco"sic, curvo em tupi), fonte crucial de alimento proteico. Para ali, foi enviado o grupo de religiosos, sob o comando do padre Manuel de Paiva; e ali, segundo Anchieta, se celebrou a segunda missa no dia da conversão de São Paulo – apóstolo dos gentios, em 25.01.1554 (a primeira, em Ação de Graças, já havia sido rezada por Nóbrega, em Agosto de 1553).

Sobre o terreno elevado de formato triangular (parece uma esfiha), foi escolhido para situar o colégio um ponto a cavaleiro do Tamanduateí, protegido por encosta íngreme com 25 metros de altura (Rua Boa Vista), mas com acesso próximo a esse importante meio de transporte e abastecimento aquático. Nesse sentido, era análogo ao sítio escolhido por Tomé de Sousa em São Salvador quatro anos antes, à beira da falésia alteada sobre a baía.

Nóbrega, que permaneceria vários anos em São Paulo, justificou, em carta de 1554 ao rei Dom João III, sua decisão, afirmando que o sítio escolhido seria "a porta e o caminho mais curto e mais seguro para entrar nas gerações do sertão" (NÓBREGA, 1554 apud NÓBREGA, 1988, p. 144) As tribos que ocupavam o planalto, até o Paraguai, eram mais dóceis e acessíveis à catequese. Tal projeto – que culminaria com a maciça presença dos jesuítas espanhóis entre os guaranis (paraguaios) nos séculos seguintes – era acalentado pelo próprio superior da Companhia, "Santo" Inácio (Iñigo) de Loyola (KEHL, 2005, p. 60-64), apaniguado do rei espanhol, rival dos portugueses e do Papa Romano.

Logo o acerto da escolha se impôs. Em face das disputas entre os mamelucos de Santo André e os inacianos pelo controle dos índios, as qualidades do sítio serviram aos propósitos de Nóbrega. Em vez da vulnerável vila na planície marginal do Tietê, mais valia o núcleo jesuítico na colina de Inhapuambuçú, do tupi "morro que se vê ao longe" (KEHL, 2005, p. 92). Assim, logo em 1558, São Paulo já obteve o status de vila. Quando o terceiro governador geral, Mem de Sá, simpático aos jesuítas, esteve na região em 1560, determinou aos moradores de Santo André que se transferissem para ali, levando com eles Câmara e pelouros, e que construíssem uma paliçada ou muro de taipa como defesa. Os vereadores andreenses assentiram e justificaram a mudança por ser a acrópole "lugar mais forte e mais defensável, e mais seguro assim dos contrários (europeus) como dos nossos índios" (ACTAS DA CÂMARA DE SANTO ANDRÉ DA BORDA DO CAMPO, 1561 apud Eduardo PRADO, 2004, pg. 102). 

Os índios de Tibiriçá já haviam se mudado para ponto próximo desse recinto, transferindo-se de sua aldeia original, situada no Guaré (atual Luz) para o local onde hoje se encontra o mosteiro de São Bento. A aldeia de Caiuby, antes no Geribatiba (atual Santo Amaro) foi transferida para a área entre o Carmo e a Tabatinguera (PORTO, 1992). Em 1562, Tibiriçá e seu irmão Caiuby ajudaram os colonos a repelir o ataque da "Confederação dos Tamoios", aliança de tupiniquins com os canibais tamoios do litoral, idem carijós, guarulhos e guaianás locais rebelados de Jagoanharo ("cão bravo", filho do então já falecido Piqueroby, e sobrinho de Tibiriçá), após o quê, a vila se consolidou e se estabeleceu como ponto de partida avançado para o grande sertão.

Mudanças similares, abandonando-se as fundações urbanas e planas iniciais por outras em acrópole, também ocorreram em Salvador (1549) e no Rio de Janeiro (1564). Sítios elevados próximos a portos ou cursos d'água combinavam proteção e acessibilidade, condições usualmente antagônicas. Nessa delicada equação, a máxima eficácia era obtida onde uma encosta abrupta domina uma baía ou rio navegável. A vida política e religiosa concentrava-se no topo, onde residiam os estratos dominantes – dando origem, na terminologia portuguesa, à distintivamente social "cidade alta"; a vida material, o comércio, mercado de peixe e a navegação ocupavam a "baixa" – elementos presentes em inúmeras cidades do mundo luso e europeu.

1554 a 1600: O NÚCLEO PRIMITIVO
São poucas as informações disponíveis sobre a configuração inicial da vila. A carência de cartografia e iconografia, e a precariedade dos registros escritos – algumas passagens das atas da Câmara – não permitem reconstituições exatas. Sabe-se que o núcleo se estabeleceu em torno do colégio dos inacianos e sua igreja, à qual se adicionou a matriz, futura Sé, no exíguo trecho protegido pelo primeiro muro. Entre 1580 e 1600, o muro foi reparado e um segundo trecho, murado, ampliando-se um pouco o território urbano (Afonso de TAUNAY). No século seguinte, pacificadas as tribos próximas (Tremembés, Guarulhos, Tupininquins), a cidade passou a se expandir sobre todo o extenso planalto.

Um dos mais importantes esforços de reconstituição da São Paulo quinhentista foi empreendido por Nestor Goulart Reis em São Paulo: Vila, cidade, metrópole (2004). Sua hipótese para o traçado dos muros de taipa, apoiada em estudos anteriores de Teodoro Sampaio e Nuto Sant'Ana, é a de que o núcleo protegido não superaria oito hectares, e corresponderia à área entre o Patteo do Colégio e a matriz (iniciada em 1598 pelo nosso 11º avô e camarista Domingos Luiz da Carvoeira), chegando apenas à altura do início da futura rua do Rosário (atual XV de Novembro) (REIS, 2004). Por volta de 1580, o muro foi ampliado, chegando à altura do futuro Largo da Misericórdia, onde, provavelmente, ficava uma das portas. Outra poderia estar na saída do caminho do Guaré, futura Rua do Rosário, via de comunicação com a aldeia de Tibiriçá (sobre a ponta Norte do morro, atual mosteiro de S. Bento). Porta importante conduzia ao litoral, através da várzea, trajeto consolidado pelo padre Anchieta a partir de 1560.

As três portas correspondiam aos três principais acessos, orientados rumo aos vértices da acrópole triangular. Ao norte, havia o citado caminho do Guaré, que levava aos campos do Guaré (atual Luz) e ao ponto de travessia do rio Tietê (Ponte Grande). Também conduzia, por meio de uma derivação, a ladeira do Porto Geral, ponto de comunicação fluvial e abastecimento de gêneros, na ribeira do Tamanduateí (atual 25 de Março). A Oeste, um caminho na diretriz da futura Rua do Ouvidor (hoje José Bonifácio) conduzia ao ponto de travessia do Ribeirão Anhangabaú e à estrada para o aldeamento de Pinheiros (23 de Maio e 9 de Julho). Esse percurso contava com uma variante, na diretriz da atual Rua Direita, descendo até o mesmo ponto pela ladeira de Santo Antonio (lindeiro à igreja do mesmo nome, atual Doutor Falcão). O trajeto para o litoral passava pela diretriz da futura Rua do Carmo (hoje Roberto Simonsen) até a ladeira da Tabatinguera, que conduzia ao ponto de travessia do Tamanduateí (ponte) e, acompanhando a várzea, chegava ao topo da Serra do Mar. Mais tarde uma variante, seguindo pela atual Liberdade até o Lavapés, se tornaria a mais percorrida no rumo de Santos (REIS, 2004) (A atual Rua da Glória, atrás do Forum).

A subida para a vila impunha uma escolha peculiar, recorrente no urbanismo de encostas de matriz lusa: como resolver a transposição de altura? Duas alternativas se colocavam: poderiam ser criadas ladeiras diagonais às curvas de nível, mais longas e com menor declividade, ou poderiam ser abertas ladeiras transversais às curvas de nível, mais curtas e íngremes. De início simples trilhas, vários dos primeiros acessos abertos em São Paulo adotaram a primeira opção, dando origem às ladeiras da Tabatinguera, do Porto Geral, Rua da Constituição e de Santo Antonio. Alguns cruzaram as curvas de nível mais perpendicularmente, como a ladeira do Ouvidor e o Beco do Colégio.

As ladeiras menos acentuadas corresponderiam a uma declividade máxima de até 10% ou 12%, manejável por carroças ou carros de boi. As ladeiras perpendiculares, por sua vez, podiam significar um aclive máximo de até 20% ou pouco mais; seriam transitáveis apenas a pé ou a cavalo, e, até o surgimento das tropas de mulas no final do século XVIII, não permitiriam o transporte de cargas.

A implantação da vila em acrópole reproduzia, de certa maneira, a situação geográfica do território dos Campos de Piratininga no planalto, e acentuava o percurso de elevação espiritual coroado pela escola dos jesuítas. No relato de Fernão Cardim e nos depoimentos dos padres Baltasar Fernandes (1565) e Anchieta (1585) (TAUNAY, 1954), São Paulo surge como uma utopia bucólica de clima agradável e frutos abundantes: "esta terra até parece um novo Portugal" (CARDIM, 1980, p. 174).

Tudo indica que a vida urbana era fortemente ruralizada nos primeiros tempos. As áreas para quintal solicitadas repetidas vezes pelos moradores à Câmara serviam sem dúvida para hortas, pomares, criações e até currais. Sobre a colina ou em sítios ao redor, esses usos marcavam uma paisagem campestre entremeada por um quadro construído ainda modesto, precário e descontínuo, animado apenas pelas festas religiosas. Nessas ocasiões era preciso tirar o mato das vias públicas, roçar e capinar as testadas (PORTO, 1992) (Nota: A Câmara obrigava cada morador a manter sua rua limpa - e os bois presos!). Atividades artesanais ou mercantis eram mínimas; para a sobrevivência era essencial a posse de terras e de serviçais indígenas aliados para cultivá-las. Com o tempo, foi preciso adentrar cada vez maisno sertão em busca de novas presas, de aborígenes canibais inimigos, montando-se para tanto ambiciosas expedições denominadas Entradas e depois Bandeiras. O trabalho escravo e o sistema das sesmarias permitiram o escalonamento de pequenas para médias propriedades rurais no entorno da vila.

Devido à carência de pedra e de madeiras de lei, as construções eram todas de taipa, principalmente taipa de pilão, usando-se a taipa de mão para paredes internas e obras menos importantes. Inicialmente cobertas de sapé, passaram a ser cobertas com telhas a partir do final do século XVI. Também os muros foram feitos de taipa. Isso significava que as construções estavam sujeitas ao desgaste e arruinamento se fossem expostas à chuva. Fazia-se necessário protegê-las com largos beirais (telhado extendidos), e evitar ao máximo as enxurradas. Nestor Goulart assinalou a importância desse fator na configuração urbana inicial; a necessidade de desviar as águas da chuva, por meio de valas ou regos, ao largo das casas. Teriam sido criadas duas valas, desembocando na encosta pelos lados da área murada: o "buracão do Carmo" em frente à igreja e convento do mesmo nome; do outro lado a vala atravessava a "horta dos padres", ou seja, os terrenos plantados da encosta pertencentes ao colégio dos jesuítas (REIS, 2004, p. 21-22).

1600 a 1711: primeiros padrões urbanísticos, perfil da ocupação e marcos construídos
Meio século após a fundação, a ocupação ultrapassou o núcleo murado entre as valas, espraiando-se por sobre o restante do topo da colina. Na virada do século XVI para o XVII, estabeleceram-se, fora do perímetro delimitado inicialmente, as três grandes ordens religiosas, escolhendo para isso pontos estratégicos nos vértices da acrópole triangular: carmelitas (1592), beneditinos (1598) e franciscanos (1640-1644).

A localização dos conventos reproduzia a situação privilegiada do colégio jesuítico. Os religiosos contavam com terrenos amplos, a cavaleiro das encostas, facilmente defensáveis, ao lado das principais vias de comunicação que levavam à vila, dispondo ainda de generosas áreas para pomares e hortas, e acesso direto aos cursos d’água no sopé da colina. Além disso, a opção pelos vértices respeita determinação papal de Júlio II, de 1509, estipulando que as ordens religiosas deveriam se instalar a pelo menos 140 vergas (aproximadamente 520 m) umas das outras. Exceção era feita apenas aos jesuítas, desde o pontificado de Pio IV (1559-1564) (LEMOS, 2004a).

Em comparação com Salvador e Rio de Janeiro, a iconografia colonial paulistana é extremamente escassa. Para um período de mais de duzentos anos, dispomos apenas de um ou outro desenho parcial e esquemático, servindo para representar a vila em mapas da região: destacado por Taunay, o "borrón" de D. Luís de Céspedes García de Xería, no qual o núcleo urbano é representado pelo esboço sumário de um único edifício, provavelmente a Casa de Câmara, com uma grande cruz ao lado (TAUNAY, 1954, p. 25, 32); os interessantíssimos desenhos encontrados por Jaime Cortesão na Real Academia de la Historia em Madri – um dos quais publicado pela Imprensa Oficial do Estado em 2000, citado por Aziz Ab’Saber (AB’SABER, 2004) – e atribuídos por Nestor Goulart Reis a Alessandro Massaï, engenheiro italiano que esteve no Brasil ao tempo do governador Dom Francisco de Sousa (2º mandato na primeira década do século XVII);
e o pequeno, mas expressivo, desenho constante do Atlas de João Teixeira Albernaz (1631), baseado em observação realizada por seu pai Luís Teixeira no final do século XVI, a partir da várzea do Tamanduateí, no qual podemos identificar a implantação em acrópole, os muros da vila e duas igrejas, provavelmente as do colégio e do Carmo (REIS, 2004).

Nos desenhos atribuídos a Massaï, a vila é representada ao término do Caminho do Mar, após a travessia dos rios e das pontes sobre o Tamanduateí, onde surge um conjunto de seus principais edifícios, esmiuçando detalhes e curiosidades. Deixam clara a disposição triangular da ocupação urbana, entre dois cursos d'água, destacando dezesseis corpos de construção; a cruz mencionada por Cardim; a igreja do Carmo; a igreja jesuítica, coroada por torre, e seu colégio – com espaço murado e plantado ao fundo, chegando ao rio; depois, São Bento, ainda pequena ermida; as igrejas da Misericórdia e de Santo Antonio, ambas muito simples; a matriz, futura Sé, ainda sem torre; finalmente, aglomerado de construções de diferentes alturas, ladeadas por curral repleto de bovinos. Currais similares surgem fora da vila, cercados por altos muros (REIS, 2004).

A visão do desenhista, mostrando construções soltas sobre a colina, exprime o caráter do núcleo inicial, carente de arruamento regular. Em torno do colégio e da matriz, casario e igrejas eram entremeados por espaços livres irregulares, nos quais os animais perambulavam e o mato crescia. As trilhas que sulcavam o terreno precisavam ser roçadas antes das procissões, que não apenas constituíam o uso mais importante do espaço público, como geraram algumas das principais diretrizes viárias: o surgimento de denominações importantes como Carmo, São Bento e Santo Antonio exigiu o estabelecimento de vias regulares para os trajetos religiosos.

Na virada do século XVII, ao tempo da União Ibérica (governo espanhol filipino), começam a surgir nas atas da Câmara duas referências a arruamentos e ordenamentos urbanísticos. Em 1594, esta proíbe deitarem-se alicerces ou levantarem-se construções sem sua permissão (TAUNAY, 1954). De início, tais preocupações coincidem com o governo de D. Francisco de Sousa, governador-geral do Brasil, 1º mandato (1591 a 1602) e governador da repartição do Sul 2º mandato (1609 a 1611), que interessou-se por São Paulo por conta da incipiente, mas existente mineração (Sardinha no Jaraguá), instalando-se na vila em 1599 (LEITE, 1954).

Teria imposto padrões urbanísticos mínimos, incrementando a construção e regularizando o arruamento. Fazia parte da sua comitiva o engenheiro militar italiano formado em Lisboa, Baccio da Filicaia, além do citado Massaï. Substituído no governo da colônia, envolveu-se com as primeiras grandes bandeiras, das quais foi financiador. Filipe II de Portugal (III de Espanha) fez-lhe Marquês das Minas e governador do Sul, mas D. Francisco faleceu pouco tempo depois em São Paulo, em 1611, sendo brevemente sucedido por seu filho D. Luís de Sousa, até 1612. Este, segundo ata da Câmara de Julho daquele ano, havia determinado que fossem mantidas as diretrizes de arruamento estabelecidas anteriormente, presumivelmente no governo de seu pai, por "oficiais passados" (REIS, 2004, p. 40-41) – que poderiam ser tanto os oficiais camaristas como os engenheiros militares a serviço de D. Francisco. De qualquer maneira, essas diretrizes seriam reiteradas e fortalecidas ao longo do século XVII. Há notícia da contratação de um técnico, provavelmente ex-piloto de navio, como arruador pela municipalidade em 1636: Pêro Ruiz Guerreiro, "homem de mar que entendia do rumo de agulha", para que "fizesse nesta vila o ofício de arrumador de todas as terras, por ser ofício necessário ao bem comum deste povo" (TAUNAY, 1954, p. 88). Em 1638, as atas da Câmara já citam a abertura de uma rua reta, conforme transcreve M. Marx: "foi tomada uma rua nesta vila de São Paulo para nobreza dela [...] correrá a rua direita às casas [...] para aquela parte indo a rua direto" (ATAS DA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, 1638 apud MARX, 1989, p. 133).

Assim, a partir do núcleo irregular inicial, surgiu uma série de ruas retas, algumas estritamente paralelas ou perpendiculares, traçadas por profissionais habilitados, sem, contudo, formar uma quadrícula. É importante frisar que a afirmação desse arruamento exigia esforço constante no sentido de disciplinar a ocupação, impor alinhamentos, fazendo recuar ou avançar construções, fiscalizar testadas, aberturas, beirais, e enquadrar, ao longo do tempo, um processo de urbanização muitas vezes casuístico (SILVA, 1984). Em 1640, proibiu-se edificação sem arruamento prévio; em 1642, desapropriaram-se casas que comprometiam o espaço central da vila; em 1687, determinou-se que demarcações de datas e alinhamentos se fariam na presença do ouvidor.

O traçado somente será documentado mais de século após, em levantamento encomendado pelo governo do Morgado de Mateus (1765-1774). Como este mostra uma ocupação já consolidada, e foi realizado ao final de um longo período de decadência, podemos supor que parte substancial do arruamento date ainda do século XVII, até mesmo anterior aos célebres conflitos entre os Pires e os Camargo, que comprometeram a autoridade municipal entre 1640 e 1664.

A sudeste surgiu a futura Rua das Flores (atual Silveira Martins), paralela à Rua do Carmo criada sobre o principal acesso à vila; a sudoeste, as ruas que se chamariam de São Gonçalo (hoje lateral da Praça da Sé), da Esperança e do Quartel (atual Onze de Agosto); a oeste, a partir da Misericórdia, a rua Direita para Santo Antonio adotou traçado retilíneo, e a rua criada entre São Bento e São Francisco, outra importante via processional, seguiu diretriz perpendicular àquela, gerando um cruzamento em ângulo reto: os "quatro cantos". Além desses traçados regulares, consolidaram-se ruas sobre caminhos existentes: a via rumo ao caminho de Pinheiros, tornou-se Rua do Governador (depois do Ouvidor, atual José Bonifácio); o trecho inicial do caminho do Guaré tornou-se Rua do Rosário (atual XV de Novembro); ruas menos importantes foram as da Cruz Preta (atual Quintino Bocaiúva), do Jogo da Bola (atual Senador Feijó) e do Comércio (atual Álvares Penteado); havia ainda travessas, becos e azinhagas.

Quais eram os padrões seguidos nesse arruamento? Conforme verificamos nos primeiros levantamentos em escala, já no século XIX, as ruas retas adotavam a largura de 40 palmos (8,8 metros) – uma das larguras padrão vigentes em Portugal, adotada para as ruas menos importantes da Baixa pombalina no projeto de 1758 (SANTOS, 1999) e no bairro das Águas Livres projetado por Carlos Mardel em 1759 (ROSSA, 1998). O mesmo padrão consta do termo de demarcação da vila de Montemor-o-Novo criada no Ceará (1764) (SANTOS, 2001).

Contudo, é possível que esse padrão tenha sido imposto de maneira parcial e gradual em São Paulo, talvez apenas a partir do século XVIII, sobre traçados já existentes, por meio da adaptação progressiva das construções. A regularidade de larguras e alinhamentos da Planta da Restauração parece ser mais desejo que realidade, sendo desmentida por levantamentos topográficos posteriores.

A dimensão de 40 palmos sobrevive hoje em trechos das ruas São Bento, José Bonifácio e Onze de Agosto. É inferior à das vias mais importantes da Baixa, como as ruas Augusta, do Ouro e da Prata, que tinham 60 palmos ou 13,2 metros – largura também imposta em Salvador, já por volta de 1700, por exigência da Câmara (REIS, 2000). Cem anos depois seria adotada em São Paulo, na Cidade Nova, e consagrada em normativas do século XIX como o Código de Posturas de 1875. Mas é bem superior àquela usada em projetos portugueses do século XVI, como o Bairro Alto de Lisboa, onde as vias principais têm seção de 24 palmos, e as travessas 20 palmos (CARITA, 1999).

Essa última medida (4,4 metros) foi referência para travessas e becos paulistanos: seus últimos remanescentes, o Beco do Colégio e a Rua do Comércio (antigo Beco do Inferno), mantêm até hoje largura semelhante. A despeito do nome, não eram becos sem saída e sim travessas entre ruas ou acessos a espaços livres. Muitos foram alargados posteriormente ou desapareceram.

Quanto à largura das testadas, o padrão luso tendia a reproduzir um parcelamento com lotes de 25 ou 30 palmos de largura (5,5 ou 6,6 metros). Ambas as medidas são correntes no Bairro Alto, arruado nas primeiras décadas do século XVI. No caso paulistano, para as casas mais ricas, havia também lotes em dobro, ou seja, 50 ou 60 palmos (11 ou 13,2 metros); Taunay menciona terreno de seis braças (60 palmos) na Rua Direita em 1656 (TAUNAY, 1954).

A paisagem urbana era dominada, em termos visuais, espaciais e funcionais, pelos edifícios religiosos. Conforme o uso português, as principais vias nasciam, desembocavam ou confluíam em largos marcados por templos: Colégio, matriz (depois Sé), Carmo, Misericórdia, São Francisco, São Bento, Rosário. Tais alargamentos irregulares do espaço público serviam às cerimônias religiosas, aos encontros e ao comércio. Como a vila não tinha ainda maior expressão política, não havia praças como a que marcava, em Salvador, o lócus do poder colonial. Mesmo assim a posição estratégica de São Paulo, o sucesso das bandeiras e a decadência de São Vicente levaram à transferência da sede da capitania para o planalto – provisoriamente, em 1682; definitivamente, em 1709, a vila foi elevada a cidade em 1714.

1711 a 1808: consolidação da ocupação em acrópole
Embora as atas da Câmara deem notícia de ruas, becos, igrejas, cessões de terrenos, usos e costumes urbanos, suas descrições são muito imprecisas. Apenas na segunda metade do século XVIII, foi realizado o primeiro levantamento da cidade, ao que tudo indica, na gestão do Morgado de Mateus (1765-1774), que deu origem a uma planta que pode ser conhecida por meio de cópia pouco posterior, hoje no Arquivo Histórico Militar do Rio de Janeiro, redescoberta e publicada recentemente por Nestor Goulart Reis (REIS, 2004).

A chamada Planta da Restauração, coincidindo com a restauração da Capitania de São Paulo em 1765, revela a ocupação urbana existente no terceiro quartel do século XVIII. Além das ruas já citadas, destaca-se a Rua da Boa Vista, aberta em cotovelo, provavelmente no início do século, em trecho da acrópole adjacente à encosta do Tamanduateí. Seu nome sugere uma valorização dos terrenos situados a cavaleiro da encosta, que dispunham de vista sobre a várzea, e reproduz a denominação da Rua de Lisboa, dominando o Tejo, em Portugal. Também se destaca a abertura da Praça Municipal, a primeira praça regular da cidade, de forma trapezoidal e dimensões amplas (aproximadamente 300 por 300/400 palmos), onde se construiu a nova Casa de Câmara e Cadeia.

Mesmo assim, verificamos postura introvertida, já que as casas ocupavam todo o alinhamento dos lotes e voltavam suas frentes para o interior. Largos, pátios e praças eram pensados, preferencialmente, como espaços fechados, delimitados pelo casario e focados nos edifícios religiosos. Ruas e travessas surgiam entre um correr de casas o mais contínuo possível. As encostas permaneciam livres, e as ladeiras apresentavam poucas construções.

O território urbanizado alternava áreas de traçado mais ou menos regular. O núcleo original entre colégio e matriz apresentava ocupação menos regular, com corpos de construção desencontrados, sem paralelismo. Organizava-se em torno dos dois principais espaços públicos da cidade, o Pátio do Colégio e o Largo da Sé (a matriz fora reconstruída como Sé com a criação do bispado em 1748). Esse núcleo estendeu-se por meio de prolongamento não retilíneo na direção norte, acompanhando o antigo caminho do Guaré, com vias como as ruas do Rosário, do Comércio e Boa Vista. Ao Sul, o trecho mais alto e plano da colina foi ocupado de forma mais regular, com dois conjuntos de ruas paralelas, Carmo/Flores, desembocando na Tabatinguera; e São Gonçalo/Esperança/Quartel, desembocando na Praça Municipal. A oeste, o conjunto das perpendiculares ruas Direita e de São Bento organizava importantes eixos processionais, com quarteirões longos e retilíneos. Uma série de ruas convergia obliquamente para a descida do Piques e o Largo de São Francisco: do Ouvidor, do Jogo da Bola (atual Benjamin Constant) e das Freiras (atual Senador Feijó), cortadas pela Rua da Cruz Preta (atual Quintino Bocaiúva).

Toda a ocupação encontrava-se ancorada pelos edifícios religiosos. Conventos e igrejas do Carmo, São Bento e São Francisco dominavam os vértices da colina; cada um contava com um espaço aberto à frente, largo, adro ou pátio, e com amplos terrenos adjacentes, descendo a encosta. Ao contrário dos principais espaços públicos, como o Pátio do Colégio, o Largo da Sé e a Praça Municipal – totalmente encerrados entre construções –, esses largos eram parcialmente abertos à paisagem; mas as frentes dos templos e conventos eram voltadas para o interior da aglomeração.

Após o mandato do Morgado de Mateus, uma série de outros governantes esclarecidos presidiu à ampliação da área urbanizada, e a algumas intervenções marcantes. A capitania entrava em novo período de prosperidade graças à cana-de-açúcar e ao comércio de tropas. Era preciso melhorar as vias de transporte e aparelhar os centros urbanos. Assim, nos últimos anos do século XVIII, calçou-se o Caminho do Mar, obra de Bernardo José de Lorena; construiu-se o quartel; abriu-se a Rua Nova de São José, atual Líbero Badaró; criaram-se chafarizes e calçaram-se as ruas. No início do século XIX, foi criada ligação direta na encosta do Tamanduateí, conduzindo à estrada que levava ao Vale do Paraíba e ao Rio de Janeiro. Para tanto, o governador Franca e Horta aterrou e pavimentou, por volta de 1804, o "buracão do Carmo", vala em frente ao convento do mesmo nome, abrindo a Ladeira do Carmo (atual Av. Rangel Pestana), via perpendicular às curvas de nível – adequada apenas às tropas de mula, que já protagonizavam o transporte de cargas.

Nos mesmos anos (1800-1822) começou a ser ocupada a Cidade Nova sobre a colina situada na margem oposta do Anhangabaú. Ali, o padrão de arruamento adotado foi o de 60 palmos (13,20 metros) de largura, equivalentes às ruas principais da Baixa pombalina; esse padrão perduraria ao longo do século, sendo consagrado pela Câmara no Código de Posturas de 1875, até ser suplantado, em 1886, pelo padrão de 16 metros, já sob o sistema métrico de medidas (implantado em 1874). Ligando a cidade existente à nova, foi construída a Ponte do Acú*, contando com duas êxedras (recantos para bate-papo) semicirculares lançadas sobre o vale e equipadas com bancos e parapeitos de pedra. Era a primeira intervenção urbana explorando o potencial paisagístico do sítio paulistano.
*Ladeira (dupla) do Acú - atual Av. São João trecho inicial que desce da Praça Antonio Prado, atravessa o Anhangabaú e sobe do Correio até o Paissandú, onde ficava o tanque das lavandeiras e as bicas nas ruas adjacentes: Ladeira do Seminário e  Brigadeiro Tobias - a tradição diz que essas águas eram venenosas (e ainda são, provável Arsênico). Tem uma modinha da época que faz referência a isto: "A água do Acú tem veneno, morena, quem bebeu morreu". As várias nascentes foram canalizadas, dando lugar aos atuais Largo Paissandú, Rua Capitão Salomão (de onde saía a Ponte do Acú sobre o Ribeirão Anhang-ba-y - do tupi original), Rua do Seminário e a já citada Brig. Tobias. 
Outras pontes também definiam os acessos à cidade: do Lorena, no Piques; do Carmo; e do Miguel Carlos, na continuação do caminho do Guaré (atual Rua Florêncio de Abreu) sobre o Anhangabaú. Eram pontos de controle de entrada e saída de pessoas e de mercadorias, sobre as quais se cobravam direitos e taxas variadas. Intervenções urbanísticas em São Paulo na virada do século XIX tinham assim o propósito de enquadrar a cidade nas diretrizes da Coroa.

1808 a 1850: Acrópole introvertida
Não por acaso, começavam a se multiplicar levantamentos censitários e estatísticos, e também levantamentos do território, mapas da capitania e plantas da cidade. De 1810 a 1868, são muitos os levantamentos e poucas, relativamente, as mudanças na ocupação urbana. Contamos com as plantas de 1810, sua reelaboração em 1841, as do engenheiro Bresser (1841 e 1842), a de Carlos Rath (1855), e a de 1868. Na planta completa seguinte, de 1881, (já que a de Jules Martin, de 1877, é apenas parcial) a cidade já é substancialmente outra.

Como resumir o abundante material sobre a São Paulo da primeira metade do século XIX, quando a colina histórica reinava ainda quase inconteste, e os padrões coloniais haviam se consolidado de forma tão característica? Documento importante, embora fonte secundária, é a maquete da cidade circa 1840, encomendada por Affonso d'Escragnolle Taunay, diretor do Museu Paulista do Ipiranga, em 1920, com vistas ao centenário da Independência em 22, e realizada pelo modelador holandês Hendrik Bakkenist. Segue exposta no museu. Originalmente monocromática, em termos topográficos, volumétricos e arquitetônicos, ainda representa reconstituição fiel, na medida do possível, aos documentos originais consultados por Taunay (TAUNAY, 1937). Embora não possa reproduzir exatamente a situação de 1840, já que a documentação não cobre todos os detalhes nem corresponde a um único momento no tempo, obtém efeito geral bastante eficaz, apresentando elementos de forma elucidativa. A despeito do tratamento arquitetônico esquemático, e da ausência da vegetação, podemos apreciar a disposição e densidade do casario, a dimensão e conformação dos espaços livres, e a volumetria destacada das igrejas, conventos, edifícios públicos e alguns sobrados.

Com base nas plantas cadastrais do engenheiro Bresser, de 1841 e 1842, na iconografia disponível e na reconstituição em três dimensões de Taunay e Bakkenist, podemos tentar inferir algumas das características morfológicas da ocupação original em colina que marcou decisivamente a cidade de São Paulo até meados do século XIX. Após quase trezentos anos de consolidação, os padrões urbanísticos desenvolvidos lentamente atingem aí sua expressão mais acabada. Cidade luso-brasileira em acrópole por excelência, a São Paulo de 1840 se apresenta como um compêndio das formas e soluções adotadas nesse tipo de urbanização.

Em primeiro lugar, verificamos a presença do arruamento concentrado no topo da colina, composto por ruas de pouca declividade, quase planas. Tal ocupação tende a se limitar ao altiplano, interrompendo-se na borda da encosta. Apenas onde esta é menos íngreme, na descida para o Anhangabaú, encontramos uma exceção: a Rua Nova de São José, atual Líbero Badaró, aberta tardiamente, mas menos valorizada, servindo de fundos para a Rua de São Bento.

A transposição de nível é realizada por meio de número limitado de ladeiras, associadas às pontes que permitiam a travessia dos cursos d'água: Tabatinguera, Carmo, Constituição, Rua de São João/Ponte do Acu e o conjunto das ladeiras de Santo Antonio, Ouvidor e São Francisco, convergindo na ponte do Lorena. Becos menos importantes conduzem à margem do Tamanduateí: Porto Geral, Colégio e duas passagens atrás do Carmo. Tratava-se de uma cidade isolada no alto, protegida atrás de rio e ribeirão, claramente delimitada, com poucos acessos, facilmente controláveis.

As ladeiras apresentavam declividade considerável, mas quase todas podem ser classificadas em dois tipos: diagonais às curvas de nível, ou seja, com declividade média entre 10 e 12%, e, portanto, carroçáveis para a maioria das carroças e carros de boi; e perpendiculares às curvas de nível, ou seja, com declividade superior a 15%, acessíveis apenas a pedestres, cavaleiros ou tropas de mulas. As primeiras incluem as da Tabatinguera, Porto Geral, de Santo Antonio e a Rua da Constituição; entre as segundas, as ladeiras do Carmo, do Ouvidor e de São Francisco, e o trecho inicial da Rua de São João, um pouco menos íngreme. O Beco do Colégio alcança inclinação mais acentuada, atingindo quase 25%, exigindo o emprego de degraus combinados à rampa.

Não há diferenciação nítida entre ruas que acompanham as cumeeiras e as demais. Não obstante, podemos observar que a linha divisória das águas no topo da colina é acompanhada, a grosso modo, pelas ruas do Comércio (atual Álvares Penteado) e da Cruz Preta (atual Quintino Bocaiúva), encontrando-se no Largo da Misericórdia. Não eram ruas importantes, mas podem ter sido abertas para acompanhar a cumeada, medida crucial no urbanismo luso-brasileiro em termos da divisão e disposição dos lotes, e do carreamento das águas pluviais. Ao norte, essa linha descia até São Bento; ao sul, seguia subindo, passava pela Casa de Câmara e Cadeia e culminava no Morro da Forca (Atual Fórum).

Esse arranjo da cumeeira ficava escondido no terreno pouco acidentado do altiplano, onde o casario se avolumava. Esse núcleo já se tornara compacto, e seu traçado resultava da combinação entre ruas mais ou menos retas. Conjuntos de ruas retilíneas haviam sido lançados por técnicos especializados desde o século XVII, formando pequenos grupos de vias paralelas, perpendiculares ou convergentes, mas nunca chegando a uma quadrícula regular.

Esses conjuntos imbricavam-se com ruas e trechos menos regulares, muitas vezes derivados do núcleo quinhentista e de seus caminhos de acesso, como as regiões do Colégio, da Sé e da Misericórdia, as ruas do Rosário e da Tabatinguera. Algumas vias avançaram aproveitando as bordas da encosta, como as da Boa Vista e da Casa Santa.

A irregularidade não se refere necessariamente a eixos não retilíneos, mas também à variação das larguras nos diferentes trechos da via. Em termos da declividade, são poucas as inflexões. Apenas quando a rua se torna uma ladeira – Ouvidor, São João, Tabatinguera –, temos a mudança de um padrão próximo do plano para um grau de inclinação pertencente a outra categoria, podendo esta se mostrar mais ou menos acentuada, por ser perpendicular ou diagonal às curvas de nível.

O arruamento se organiza em torno de pontos de articulação viária, com profusão de entroncamentos. As ruas paulistanas tendiam a convergir, situação favorecida pelo formato triangular da acrópole, e pela evolução urbana, na qual caminhos e ruas surgiam demandando pontos de interesse. Podemos citar, no núcleo quinhentista, os espaços fundadores: Largo do Palácio (antes, e hoje novamente, Pátio do Colégio) e Largo da Sé; na extensão seiscentista, os largos da Misericórdia e do Rosário, além dos Quatro Cantos; nos vértices da colina, os largos do Carmo, de São Bento e de São Francisco; no quadrante Sul, a Praça Municipal, os largos da Forca e da Pólvora; nos pontos de travessia do Anhangabaú, a Ponte do Acu e o Piques, rumo à Cidade Nova; nesta, o Zuniga (atual Paissandu), o Campo dos Curros (atual República) e a esplanada em frente à Luz (atual avenida Tiradentes).

Entroncamentos, largos e praças acompanhavam os edifícios mais importantes: palácio do governo provincial (antigo colégio dos jesuítas); igrejas, conventos (o de São Francisco transformado em Academia de Direito); Assembleia Provincial (antiga Casa de Câmara), Casa da Pólvora. Encaixados nos quarteirões, encontramos apenas o Convento de Santa Teresa, o quartel e a Igreja de Santo Antonio. Poucos edifícios particulares de relevo: alguns sobrados de potentados como a Marquesa de Santos, o Barão de Itapetininga, o Barão de Iguape e o Brigadeiro Luiz Antonio, sinalizavam uma topografia social essencialmente desigual5.

Fontes iconográficas da primeira metade do século XIX mostram a encosta do Tamanduateí – tema de predileção dos artistas viajantes, sendo registrada em detalhe por Ender e Pallière, entre outros. Nelas a relação entre cidade e colina continua marcada pelos traços originais. A ocupação encarapita-se no topo, onde o casario preenche toda a borda da elevação, voltando suas frentes para o interior e seus fundos para a várzea. Estes incluíam generosas "varandas" usadas cotidianamente como espaço de estar e refeições. Abaixo do nível da rua, vemos arrimos, porões ou andares de sustentação abrirem-se nos fundos para o vazio do vale. Partes da habitação que normalmente não deveriam ser vistas encontram-se aí totalmente expostas. Os muros descem até o rio, onde se buscava água, se lançavam dejetos e se lavava a roupa, e fecham-se no sopé, ao longo da margem, demarcando os terrenos e indicando os perigos associados à várzea – malfeitores ou intrusos.

O olhar dos viajantes parece transitar em sentido oposto ao dos moradores: buscando os espaços abertos, registrando os quintais, as várzeas, os vazios às quais a cidade dava teimosamente as costas. Também focavam o âmago da aglomeração, mas ali a busca do pitoresco muitas vezes punha em evidência costumes curiosos, vestimentas exóticas, aventuras de tropeiros e peripécias de escravos. Registros mais isentos, como as aquarelas de Ender e os quase fotográficos desenhos em câmera obscura de Burchell, revelam uma paisagem pouco animada, de casas encerradas e interiores quase vazios. Acrópole introvertida, a São Paulo colonial, persistindo até meados do oitocentos, surgia como cidadela bucólica, avessa a mudanças; mas resumindo, na ocupação urbana consolidada em três séculos, traços característicos da urbanização colonial luso-brasileira.

Após 1850: transformações posteriores
É difícil crer que seja o mesmo local hoje conhecido como Centro Velho, no coração da metrópole. Após 1850, teve início uma série de intervenções que, ganhando ímpeto crescente, modificaram irremediavelmente o primitivo sítio paulistano, substituindo sucessivamente as edificações, alargando ruas, alterando traçados, criando novos espaços livres e acessos. Cercada por viadutos e vias rápidas, sufocada pelos arranha-céus, a colina histórica de São Paulo, antes aspecto memorável da cidade, quase desapareceu sob novos padrões e escalas de urbanização.

Qualquer esforço de recuperação dos elementos topográficos, paisagísticos ou morfológicos originais da colina histórica paulistana passa pelo estudo da ocupação urbana tal como ela se apresentava até aquele momento. Para isso, adotamos como área de estudo a colina original; a região elevada triangular, com aproximadamente 60 ha, compreen­dida entre os vales dos rios Tamanduateí, a leste, e Anhangabaú, a oeste, confluindo ao norte; e limitada ao sul pelo trecho adjacente ao antigo Largo Municipal e pela descida da Tabatinguera. Além de acessos e pontes, elementos cruciais para a definição do núcleo.

Podemos dizer que a situação original, típica do urbanismo de colina de tradição luso-brasileira, perdurou até os anos 1850, quando a retificação do Rio Tamanduateí, a abertura da Rua 25 de Março e a construção do primeiro mercado municipal alterou radicalmente a configuração da encosta leste. E é ainda, em grande parte, a mesma cidade registrada pelo fotógrafo Militão de Azevedo em 1862. Sua reconstituição em escritos, na iconografia e na cartografia, acompanhou a célere desaparição dos traços que se pretendia evocar6. Pacata, ensimesmada, tradicionalista, avessa às mudanças, a acrópole em nada lembraria a metrópole dinâmica surgida a partir do final do século XIX, com suas famílias encasteladas e seus hábitos reclusos; a acrópole paulistana, tão visível ao longe para os viajantes, encerrava-se numa introversão que a presença dos estudantes de Direito apenas começava a sacudir. Essa introversão só seria quebrada pela obra emblemática do Viaduto do Chá em 1888 com a demolição do sobrado baronial que fechava o acesso à encosta oeste, ou seja, à área de expansão urbana e ao progresso.

Quando, na virada do século XIX para o XX, foi preciso criar um centro moderno, que presidisse o território urbano ampliado pela riqueza do café, ele foi implantado sobre a mesma colina, apagando-se nesse processo os traços coloniais existentes. O "Centro Velho" sobre a colina sofreu a concorrência cada vez maior do "Centro Novo" estabelecido na elevação que lhe faz face, do outro lado do Anhangabaú; apesar disso, esforços de ampliação e modernização do centro empreendidos ao longo do século XX mantiveram – a despeito das dificuldades topográficas, custosamente vencidas por viadutos e aterros – o foco de seus esquemas viários radioconcêntricos ou radiais-perimetrais sobre o núcleo primitivo. Com o abandono do centro histórico pelas camadas dominantes, após 1970, a acrópole original, a qual os velhos paulistanos chamavam simplesmente de "a cidade", deixou de figurar em primeiro plano no cotidiano e no imaginário da metrópole. Mais recentemente, com movimentos pela recuperação urbanística do centro, a região volta a ser objeto de debates7.

Essa insistência na transformação do núcleo central, reinventado inúmeras vezes nos últimos cento e poucos anos, apagou quase completamente as características da ocupação original de matriz luso-brasileira. Intervenções modernas de vários matizes, do urbanismo haussmaniano oitocentista às propostas sitteanas de 1910, passando pelo rodoviarismo exacerbado dos anos 1930 a 1960, e chegando às reformas modernistas que acompanharam a implantação do metrô e a pedestrianização do centro após 1970, alteraram profundamente seu traçado, morfologia e volumetria8.

Praticamente todas as edificações coloniais foram substituídas. Ruas foram alargadas, retificadas, niveladas; lotes foram remembrados, e quarteirões inteiros, suprimidos. Largos e pátios ganharam contornos irreconhecíveis; surgiram novas praças e parques, logo substituídos por outras reformas e espaços públicos. Igrejas, conventos, chafarizes, sobrados, casinhas desapareceram. Os prédios ecléticos que sucederam ao casario colonial caíram, por sua vez, em face de edifícios modernos, hoje já obsoletos; as mesmas ruas foram alargadas, os mesmos pontos redesenhados e reconstruídos diversas vezes ao longo do século. A própria situação topográfica, antes tão evidente, foi escondida: a colina foi cercada por viadutos, arrimos, aterros; os desníveis do terreno foram eclipsados pelos arranha-céus. Até mesmo o Pátio do Colégio, celebrado como local de fundação da cidade, abriga hoje uma réplica hipotética da igreja dos jesuítas e um edifício cuja fachada busca reproduzir uma parte do colégio setecentista – ambos construídos entre 1950 e 1978. Cercado por um estacionamento, o conjunto não corresponde à implantação original do largo.

Contudo, a encosta leste, sobre o Tamanduateí, foi preservada nesse ponto por terrenos públicos (a antiga horta dos jesuítas, depois jardim do palácio do governo, hoje sem uso definido); e por legislação especial que limitou as alturas para manter a vista desimpedida a partir do sítio da fundação da cidade – revelando, a despeito das ruas abertas na meia encosta, o desnível abrupto que definiu a escolha do sítio e o nascimento da São Paulo em acrópole. Outro resquício da feição colonial no centro histórico é o Beco do Colégio, viela que desce a encosta entre a Casa n. 1 – antigo Palácio Episcopal, e a casa da Marquesa de S. Tudo alterado e restaurado várias vezes ao longo do século XX; mas pelo menos aí temos remanescentes nítidos dos traçados, implantação e morfologia originais (REIS, 2004).

Assim, para efeito da análise das matrizes luso-brasileiras no arruamento e ocupação do sítio urbano, devemos nos concentrar no estudo da situação existente até a primeira metade do século XIX, e identificar seus traços remanescentes sob a ocupação atual. Mesmo com o virtual desaparecimento da ocupação em acrópole de matriz luso-brasileira que presidiu a paisagem paulistana por trezentos anos, podemos considerá-la como marco fundamental na evolução de São Paulo e de sua área central. Sem compreensão acurada dessa região e seus primeiros traços, não podemos identificar adequadamente seus remanescentes, nem propor uma reincorporação, ainda que parcial, da presença da colina na cidade.
Fonte: Texto transliterado e aditado com correções da: MIGRAÇÃO DAS IDEIAS URBANAS NO MUNDO LUSÓFONO PARTE 2 ISSN 2175-3369 - urbe, Rev. Bras. Gest. Urbana vol.5 no.1 Curitiba Jan./June 2013
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Revisado em Fevereiro de 2021


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