sexta-feira, 9 de junho de 2023

OS PIRE'S - da Grécia à Espanha, Portugal e Brasil!



A Família Pires tem sua origem na cidade de PIREU, PIREUS ou PIRAEUS (em grego moderno: Πειραιάς, Pireás, Piɾɛˈas), próxima à Atenas, na Grécia Antiga. Esta hipótese é formulada com base na designação toponímica, que associa o nome da pessoa ao seu lugar de origem. Neste caso, PIRE’S = “os de PIRE”.
(Nota nossa: toponímico seguido de apóstrofo e S confere a posse da sua origem - substituindo a preposição "de" - como uma "pós-posição").
A onomatologia é o estudo linguístico dos nomes próprios; compreende várias subdivisões, como a toponímia, cujo termo vem do grego e significa “nome de lugar”, uma divisão onomástica que estuda os topônimos ou nomes próprios de lugares, da sua origem, etnia e evolução; é considerada uma parte da linguística, com fortes ligações com a história, arqueologia e a geografia (FAURE, 2004).

A cidade de Pireus dista 7 km a sudoeste de Atenas, numa península calcária que oferece portos naturais explorados pelos atenienses, como o Porto de Pireus que, por 2500 anos, foi o principal do Mar Mediterrâneo. Hoje é o principal porto grego, de onde saem os ferries boat e barcos para as ilhas gregas. A Autoridade Portuária de Pireus forma um vasto complexo portuário com escritórios de transporte, armazéns, bancos, estaleiros e negócios associados ao mar.

Porto de Pireus, Grécia (Fonte: Wikimapia.org – CCBY-SA 3.0)

A COLONIZAÇÃO GREGA
Pireus, o porto antigo de Atenas, era usado tanto para atividade comercial quanto militar, permitindo que a cidade se transformasse numa das mais importantes do Mediterrâneo, desde a antiguidade até os dias contemporâneos. Esse porto contribuiu para a expansão da cultura grega pelos vários continentes, sobretudo na própria Europa, durante séculos da história da civilização ocidental. A saga dos Pires começou no ano de 850, quando saíram do Porto de Pireus rumo à Espanha Mediterrânica, seguindo a (antiga) rota da Colonização Grega pelo Mar Mediterrâneo.

Colonização grega no período pelo Mar Mediterrâneo (Cartwright, 2014)

A CHEGADA À ESPANHA
Em território espanhol, os Pires ou Peres contribuíram para o desenvolvimento do já milenar e pequeno Reino das Astúrias, que se converteu em comunidade de resistência a todo tipo de arbítrio praticado no Continente Europeu, e desde a ocupação bárbara à ditadura franquista.

O escritor gaúcho Duclece Pires e a Professora aposentada da Universidade Estadual de Londrina – PR, Mestra e Doutora em Filologia e Linguística de Língua Portuguesa, Djalmira Sá Almeida, registram que VÍMARA PERES (Corunha, Galiza, c. 820 e Guimarães, 873), fidalgo do Reino de Afonso III das Astúrias, foi enviado, em meados do século IX, do nordeste da Península Ibérica para retomar aos mouros o Vale do Douro, com o objetivo de configurar uma linha de defesa para o pequeno reino cristão das Astúrias contra as invasões bárbaras.

EM TERRAS LUSITANAS
Vímara Peres é considerado o genearca da Família Pires em Portugal. É filho de Pedro Theon das Astúrias (Astúrias, Espanha, c. 785 e 867) e pai do conde Lucídio Vimaranes (Guimarães, c. 850 e Guimarães, 922), etimologicamente, “filho de Vímara” e de Auvídia Vimaranes (c. 825 e 881).

O significado do nome de Vímara, que vem do germânico Vigmarr, o mesmo que “famoso na batalha” (vig = batalha e marr = famoso), se comprovou em terras lusitanas. Auxiliado pelos cavaleiros da região do Vale do Douro, Vímara Peres expulsou definitivamente os mouros, no ano de 868, retomou várias cidades na região de Trás-os-Montes, conhecida por Montes dos Pirineus (será da mesma origem?), entre o Rio Minho e o Rio Douro, destacando-se a Cidade do Porto (Portus Cale).

Contando com a decisiva participação do seu filho Lucídio Vimaranes, fundou a cidade de Guimarães, cujo nome faz referência a Vimaranes. Vímara faleceu nesta cidade, em 873. Ele se tornou o primeiro duque do Condado de Portucale (região das cidades do Porto e de Guimarães), onde instituiu uma dinastia de condes que governou a região até 1071.

O Condado de Portucale se constituiu na base do Condado Portucalense que, posteriormente, se tornou Reino de Portugal. Em 26 de julho de 1139, D. Afonso Henriques (Condado Portucalense, 25/07/1109 e Coimbra, 06/12/1185) declarou o Condado Portucalense independente do Reino de Leão, após vencer a batalha de Ourique, contra os mouros, sendo, então, proclamado o primeiro Monarca Lusitano, conhecido como Afonso I “o Conquistador”.

Estátua de Vímara Peres, genearca Pires, na Cidade do Porto (Fonte: Município do Porto – CC BY-NC-SA)
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A atuação de Vímara Peres está consagrada na história lusitana como herói do estado português e se expressa na estátua gigantesca instalada na cidade do Porto, um dos monumentos históricos e culturais mais importantes do país, o que se depreende de um artigo extraído de um blog português que noticia sobre a cidade do Porto, ipsis litteris:

[…] Vímara Peres foi um fidalgo galego nascido em 820, finais do primeiro quartel do séc. IX.
Cristão da Reconquista foi cavaleiro e senhor da guerra, enviado por D. Afonso III das Astúrias ao vale do rio Douro, com a incumbência de expulsar dali os mouros, da linha natural cujo domínio os asturo-leoneses consideravam fundamental para a sua defesa. A ele se ficou a dever, entre outras coisas, o repovoamento cristão das terras de entre Douro e Minho. Ajudado pelos cavaleiros cristãos da região, conquistou Portucale aos mouros no ano de 868. Portucale, cidade situada nas duas margens da foz do Douro – Portus, na direita, e Cale na esquerda – viria, muito mais tarde, a tornar-se cidades do Porto e Gaia.

Nesse mesmo ano, de 868, receberia Vímara Peres o título de Conde de Portucale, dando assim início a uma dinastia condal que duraria até ao ano de 1071. O Condado de Portucale – não confundir com o Condado Portucalense, que lhe foi muito posterior – circunscrevia as terras que hoje constituem o distrito do Porto, melhor dizendo o Douro Litoral.

Entre as suas obras consta ainda a da fundação de um pequeno burgo fortificado, junto de Braga, a que deu o nome de Vimaranis – que então significava “terras de Vimara” – e haveria de se transformar na cidade de Guimarães e berço de Portugal. Vímara Peres morreu no ano de 873, em Guimarães, contava apenas cinquenta e três anos de idade.

Quem passar junto da Sé do Porto pode admirar a monumental estátua que da sua imponente figura fez Barata Feyo em 1968, portanto, mil e cem anos depois da libertação do burgo portucalense do jugo muçulmano. […] (PORTUENSE, 2006)

Pires ou Peres é um dos primeiros apelidos da história de Portugal. Em terras lusitanas os membros da Casa de PIRE ficaram sendo Pires (com sentido plural, ao invés de posse), com a incorporação do apóstrofo (Pire's) ao nome da família. Depois de se fixaram na região de Trás-os-Montes, no ano de 1.180, diversos Pires se consolidaram em Lisboa, onde Dom IGNÁCIO PIRES gerou uma nobre família, destacando-se o primogênito Dom VASCO FRANCISCO PIRES – Capitão das Chaves da Torre de Belém, Alcaide-Mor do Castelo de Lisboa, Fidalgo da Casa Real, Comendador da Ordem de Cristo e Oficial da Torre e Espanha.

HERÁLDICA E GENEALOGIA PIRES
Dom Vasco Francisco Pires teve o seu brasão de armas e título concedido, em 1493, pelo rei Dom João II (ZUQUETE, 1961, p. 430). Dessa forma, este pode ser considerado o brasão de armas da Família Pires, um título característico dos finais da Idade Média. A heráldica é a arte ou ciência cujo objeto é o estudo da origem, evolução e significado dos emblemas blasônicos, assim como a descrição e a criação de brasões de armas ou escudos.

De acordo com o historiador lusitano Beja Madeira, a heráldica tem sido utilizada em Portugal desde o século XII, conforme regulamento baixado pelo rei Dom Manuel I. Na heráldica dos países europeus, as armas eram títulos concedidos exclusivamente em nome do chefe de cada família, sendo transmitidos apenas por linha varonil e à descendência feminina direta.

Armorial Lusitano (raro, consta de nosso BD), de Afonso Eduardo Martins Zúquete; página 430, em reprodução fotográfica registrada por Eliomar Pires Martins e Ivoneide Escher Martins, durante visita ao Arquivo Nacional do Tombo, na Universidade de Lisboa (2016)
[…] Os historiadores foram se apercebendo de que o Armorial Lusitano podia revestir-se de uma extrema utilidade nos mais variados campos, desde o sociológico ao artístico, passando pelo político, pelo jurídico, etc. Passou então a heráldica a ser quase universalmente aceite com uma ciência auxiliar da História.
[…] Paralelamente, foi desde os anos 40 que o estudo e investigação de nossa armaria medieval, isto é, das suas origens e do seu respectivo desenvolvimento e caracterização, se começou a desenvolver […]. (MADEIRA, 1992, p. 10)
A mencionada publicação do Ministério da Educação de Portugal registra um traço humanitário característico dos membros da Família Pires. No período medieval de conversão dos mouros ao cristianismo, em terras lusitanas, o fidalgo ÁLVARO PIRES DE TÁVORA batizou um mouro como membro da sua família:

[…] não podemos esquecer que um filho de Abrão Zacuro se batizou “de pé” e com o nome completo de seu padrinho, que era Álvaro Pires de Távora, senhor do Mogadouro e grande fidalgo da Corte do Venturoso […]. (MADEIRA, 1992, p. 75)

A CHEGADA AO BRASIL

O primeiro Pires a pisar o solo brasileiro foi o capitão LUÍS PIRES (sem descendência local), que comandou um dos 13 navios da esquadra de PEDRO ÁLVARES CABRAL. A expedição, com uma tripulação de 1.500 homens, saiu do Tejo – Portugal, em 08 de Março, e aportou em Porto Seguro – BA, em 22 de Abril de 1500, no descobrimento do Brasil (DIAS, 1923, pp. 55, 150-152).



Luís Pires era sobrinho de Dom Vasco Francisco Pires, neto de Dom Ignácio Pires, da descendência de Vímara Peres, fundador da cidade do Porto, personagem histórico na formação do estado português e genearca dos Pires lusitanos.

As credenciais familiares e pessoais o qualificaram a comandar o navio n° 12 da Esquadra de Pedro Álvares Cabral, partícipe das epopeias humanitárias – a conquista do “mar largo”, no século XV, tão magnífica como a conquista do espaço, no século XX.

Cinco séculos depois, rememorar o heroísmo português da descoberta do Novo Mundo e do Brasil, em particular, significa perceber que:

[…] foram necessários cinco séculos para que o homem, mais uma vez, se lançasse ao desconhecido. O mar e o espaço – cada um no seu tempo – foram os desafios que motivaram o desenvolvimento tecnológico. No século XX o homem conquistou o espaço e a lua, a bordo de foguetes espaciais. O olhar para trás cria o espanto de compreender, hoje, a precariedade instrumental das conquistas daquele tempo […] (TOSTES, 2000, p. 1)
A precariedade dos meios e instrumentos utilizados na época das grandes navegações, implicou sacrifícios de vidas humanas, que devem ser lembradas e valorizadas. Uma delas é Luís Pires.

O PRIMEIRO MÁRTIR DA EPOPÉIA DO DESCOBRIMENTO
Luís Pires foi o primeiro grande mártir do descobrimento do Brasil. Cumpriu com bravura o seu ofício de comandante, ao aportar o navio n° 12 da esquadra de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro, em 22 de abril de 1500. Na viagem de volta, a caminho de Calecute, na Índia, Luís Pires não logrou chegar ao destino. Compondo-se a esquadra de treze navios, apenas seis chegaram a Calecute, e outros seis desapareceram no caminho.

Os navios comandados por Luís Pires, Bartolomeu Dias, Aires Gomes da Silva e Simão de Pina naufragaram na tempestade do Atlântico austral, em 24 de maio de 1500. O comandante Vasco de Ataíde perdeu-se nas paragens das ilhas de Cabo Verde. Nenhum dos náufragos retornou a Lisboa.

De acordo com Vera Lucia Bottrel Tostes, na obra citada, os navegadores portugueses que integraram a esquadra de Cabral foram escolhidos pela “nobreza de sangue” e pelos feitos realizados em outras navegações.

A autora assim descreve o brasão de armas de Luís Pires: (Em Campo de) vermelho, com cruz de ouro, cantonada de quatro flores-de-lis do mesmo; contra-chefe ondado de prata e de azul; bordadura de ouro, carregada de oito aspas de vermelho. Timbre: uma aspa de ouro, com uma flor-de-lis de vermelho entre as extremidades superiores (não presente nesta figura).

O brasão de armas do comandante Luís Pires corresponde àquele concedido ao seu tio, Dom Vasco Francisco Pires, em 1493, pelo rei Dom João II. Segundo Tostes (2000), as armas das famílias e linhagens dos comandantes da esquadra de Cabral foram transmitidas por herança aos descendentes, sem diferenças que indicassem introdução de novos ramos ou de novas gerações. Entrementes, a pesquisadora relativiza o critério da comprovação de ascendência nobre para a concessão de tal título, pelos reis portugueses, aos beneficiários de tão distinta honraria.

Incumbe aos familiares Pires e, por extensão, aos brasileiros, prestar a merecida homenagem aos navegadores, aos notáveis integrantes da Armada de Cabral e, especialmente, ao comandante Luís Pires – um mártir da epopeia descobridora, que levou à formação de novos espaços geográficos e à reconfiguração da geopolítica. Homens do timbre de Luís Pires, integrantes da fascinante jornada da Era dos Descobrimentos, contribuíram para os avanços científicos, tecnológicos e do conhecimento, assim como contribuíram para a inexorável evolução humanitária – a conquista do Novo Mundo, da era moderna e particularmente, para o desenvolvimento de um grande, populoso e próspero país - o Brasil!

O JESUÍTA ANTONIO PIRES

Por sua vez, um filho de Dom Vasco Francisco Pires e primo de Luís Pires, o jesuíta ANTONIO PIRES, chegou ao Brasil em 1549, na comitiva do primeiro governador-geral do Estado do Brasil, Tomé de Souza, juntamente com os jesuítas Leonardo Nunes e João Aspicuelta Navarro, da Companhia de Jesus, que era chefiada pelo padre Manuel da Nóbrega para cumprir a missão, determinada pelo rei Dom João III, de catequizar as populações nativas à religião católica.

(TOYSHIMA, BONDARENCO & COSTA, 2011).
A CAPITANIA DE SÃO VICENTE
Diversos nomes dos familiares Pires estão presentes na história da Capitania de São Vicente, a primeira capitania hereditária estabelecida pela Coroa Portuguesa, em 1536, pelo rei Dom João III. Esta capitania compreendia, originalmente, São Vicente, Bertioga (SP), Cananéia/Ilha do Mel (PR), Macaé (RJ) e Caraguatatuba (SP), visando incrementar o povoamento e defesa do território (LEME, 2004). São Vicente destacou-se entre as capitanias do Sul pela relativa prosperidade no século XVI. A parte mais setentrional da capitania foi refundada, em 1567, como Capitania Real do Rio de Janeiro (para dar combate aos invasores franceses).

O primeiro donatário da Capitania de São Vicente foi o Fidalgo D. MARTIM AFFONSO DE SOUSA, no período de 1532 a 1571; que foi sucedido pelo seu filho PEDRO LOPES DE SOUSA, depois pelo bisneto Dom ÁLVARO DE PIRES DE CASTRO E SOUSA, o CONDE DE MONSANTO, donatário de cinquenta léguas de sesmaria, incluindo, nesta parte, São Vicente (sede), São Paulo e Santos, em decorrência de sentença proferida pelos oficiais da Câmara da Vila de São Vicente, em 20 de maio de 1615. A referida sentença foi homologada por carta de el-rei Dom Filipe, passada em 10 de abril do ano de 1617, que deu posse ao Conde de Monsanto, nas ditas 50 léguas de sesmaria, de um total de 100 léguas anteriormente concedidas a Martim Affonso de Sousa.

OS PIRES DE SÃO PAULO
Em princípios de 1531, JOÃO PIRES (Gago), o seu filho SALVADOR PIRES (único então deste nome), casado com MARIA RODRIGUES e seu primo cavaleiro fidalgo JORGE PIRES, todos naturais da cidade do Porto, chegaram ao Brasil para instaurar um povoamento que em (1532), foi aclamada Vila de São Vicente, sendo João Pires o seu primeiro juiz ordinário:

[…] entre os nobres povoadores da Vila de S. Vicente, que a esta ilha chegaram com o fundador dela, o fidalgo Martim Affonso de Sousa, em princípios do ano 1531, vieram João Pires, “o Gago”, natural do Porto e seu primo Jorge Pires que era cavaleiro fidalgo.
João Pires trouxe consigo da cidade do Porto o filho Salvador Pires, o qual se casou com Maria Rodrigues, natural do Porto, que veio para S. Vicente (a filiação citada foi descartada por Américo de Moura). De S. Vicente passaram a Santo André da Borda do Campo e depois a S. Paulo.

SALVADOR PIRES filho de João Pires, o Gago, nasceu por volta de 1515, na cidade do Porto, em Portugal; faleceu em 1592 em seu sítio, situado acima da cachoeira Patuahy, no rio Tietê, em São Paulo.

"Em 1573, Salvador Pires, recebeu uma carta de sesmaria, concedida pelo governador da Capitania de São Vicente, Jerônimo Leitão, na qual consta que lhe foi dada meia légua de terras na tapera que tinha sido alojamento do índio Baibebá(sic) (Baibebú), partindo pelo campo de Piratininga, por ser o dito Pires lavrador potentado, que dava avultada soma de alqueires de trigo ao dízimo, além das colheitas de outros frutos todos os anos".

O registro acima reitera o caráter dos familiares Pires, desde tempos imemoriais, no trato correto das questões coletivas, sociais e religiosas.

SALVADOR PIRES, o Jovem(sic) nasceu em 1540, na Vila de Santo André da Borda do Campo, SP. Após o falecimento da primeira esposa, casou com Mecia Fernandes (Mecia-Ussú), natural de São Paulo, neta da índia batizada pelo padre Anchieta com o nome de Antonia Rodrigues e bisneta de Piqueroby, de Hururay, chefe Tupiniquim (SILVA LEME, 1903).

(Obs.: Estes supostos homônimos Salvador "filho" e "pai" eram na realidade a mesma pessoa; esta duplicidade de Pedro Taques repetida por Silva Leme é errônea e foi devidamente retificada e publicada por Helvécio de Castro Coelho (falecido) na Revista da ASBRAP; anteriormente também contestada por Américo de Moura, vide em nosso link dedicado Cap. Salvador Pires)
Teve doze filhos, [sendo quatro do 1º matrimônio e oito do segundo] (sic),

Nova Correção: quatro do primeiro casamento Beatriz Pires Brito, Diogo Pires, Amador Pires, Domingos Pires;
2ª vez com N... de Brito (não sabemos quais e se tiveram filhos).

e oito do 3º casamento com Méssia Pires de Medeiros:
+ 2F i.13-Anna Pires de Medeiros faleceu em 1668,

3 F ii. Catharina de Medeiros.

4 F iii. Maria Pires.

5 M iv. João Pires.

6 F v. Izabel Fernandes.

7 M vi. Salvador Pires de Medeiros.

8 F vii. Custódia Fernandes.

9 M viii. Antonio Pires.
"Salvador Pires, foi capitão bandeirante(sic) (na realidade, entradista) que participou das primeiras entradas ao sertão. Ocupou os principais cargos da governança, entre os quais, o de Procurador do Conselho, em 1563, e de Juiz Ordinário, em 1573. Era proprietário de grande plantação de uva, e produzia vinho em sua fazenda Ajuhá (na atual Freguesia do Ó?). Suas lavouras eram mantidas com muitos trabalhadores, principalmente índios catequizados sob sua administração".

A filha de Salvador, Maria Pires (que NÃO era mameluca), f. em 04/08/1590, casou-se com Bartholomeu Bueno de Ribeira, natural de Sevilha, Espanha, tronco do apelido. Desse casamento foi gerado o filho Francisco Bueno, que se casou, em 1630, com Filippa Vaz e lhe deu o neto Bartholomeu Bueno da Silva, o 1º Anhanguera (RICHA, 2016)...(e nosso decavô na linha reta).

A CAPITANIA DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS.

O rei de Portugal criou, em 1548, o Governo Geral do Estado do Brasil com a finalidade de apoiar os donatários das Capitanias e de centralizar a administração da Colônia. Para isso, a Coroa decidiu fundar a cidade do Salvador, para instaurar a sede do Governo-Geral na Capitania da Baía de Todos os Santos, transformando-a na primeira capitania real. Com essa missão, chegou à Bahia, em 1549, a comitiva do fidalgo TOMÉ DE SOUZA, Primeiro Governador-Geral do Brasil, constituída, dentre outros, pelo seu filho lusitano GARCIA DE SOUZA D’ÁVILA (1528 – 1609), almoxarife real, que recebeu de doação do pai 14 léguas de sesmaria outorgadas a este pelo rei Dom Sebastião, localizadas no litoral norte baiano.

A partir de 1561, GARCIA D’ÁVILA (Cap. Francisco?) construiu a Casa da Torre, um castelo-forte no estilo arquitetônico medieval, sobre a colina de Tatuapara, na Praia do Forte, em Mata de São João/BA. A descendência de Garcia D’Ávila vinculou-se, mais tarde, com as gerações de Domingos Pires de Carvalho e de José Pires de Carvalho.

A Casa da Torre desempenhou papel de grande vulto na evolução territorial do Brasil, sendo pioneira na pecuária nordestina e na formação de inúmeras povoações. Além disso, foi importante Quartel General do Batalhão da Legião da Torre, protegendo as Vilas do Litoral, a Estrada Real e as Estradas das Boiadas, alojando as tropas coloniais para a defesa das terras brasileiras, tanto no interior como no seu litoral, contra a presença dos piratas franceses e holandeses e, depois, nas lutas pela Independência do Brasil. (O maior desenvolvimento pecuarista veio após a conquista do Piauí e Maranhão pelos paulistas Domingos Jorge Velho e principalmente Francisco (Pires) Dias de Siqueira (Vide nosso site Bandeirantes de Batalha Paulistas https://bandpauli.blogspot.com.br).

OS PIRES DA BAHIA
O Imperador D. Pedro I, após a vitória das armas nacionais e a pacificação das Províncias, criou a Medalha da Independência, através do Decreto de 2 de julho de 1825 e condecorou três familiares Pires, descendentes de Garcia D’Ávila, como expoentes do Exército na expulsão das tropas lusitanas. Foram condecorados pelo imperador os irmãos da Casa da Torre, o então governador da Bahia Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque – Barão de Jaguaripe, o Coronel e Brigadeiro Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque – Visconde de Pirajá e o Coronel Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque – Visconde da Torre.

Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, barão e depois visconde da Torre de Garcia D`Ávila (Fonte: casadatorre.org)

O Coronel ANTÔNIO JOAQUIM PIRES DE CARVALHO E ALBUQUERQUE é um herói das lutas pela independência do Brasil, conforme publicação comemorativa ao Primeiro Centenário da Independência Nacional, verbis:

[…] Coronel Antônio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque, Barão e depois Visconde da Torre de Garcia D’Ávila, seguiu para o seu Castelo, onde organizou e de onde comandou a base de operações do exercito libertador, renovando os relevantíssimos serviços que na invasão holandesa prestara seu avô Francisco D’Ávila […]. (TAUNAY, 1922, pp. 153-159).
A COLONIZAÇÃO
A genealogia Pires é uma fonte para o conhecimento da colonização dos diversos Estados brasileiros, especialmente Goiás. O bandeirante Francisco Bueno, filho de MARIA PIRES (de Medeiros, portuguesa com certeza) com o espanhol Bartholomeu Bueno d(a) Ribeira (Carpinteiro naval da ribeira do Rio Guadalquivir em Sevilha, depois construtor civil de taipas em São Paulo), serviu honrosos cargos da governança em São Paulo e foi capitão de uma bandeira (de Batalha, no RS, nosso 11º avô), durante a qual veio a falecer, em 1638.

Por sua vez, BARTOLOMEU BUENO DA SILVA, o 1º Anhanguera, filho do capitão Francisco Bueno com Filippa Vaz (de família aristocrática lusa), neto de Maria Pires (de Medeiros), nascido em 1637, em Santana de Parnaíba SP, e falecido em data e local desconhecido, foi um notável sertanista que,

[…] em 1682, penetrou com numerosa bandeira nos sertões do gentio Goiá, e descobriu ouro por observar que as mulheres dos índios se ornavam com folhetas daquele metal. Anteriormente a ele, porém sem resultado, diversos bandeirantes paulistas haviam explorado quase todo o sertão, hoje província de Goiás e Mato Grosso […]. Nessa exploração, levava em sua companhia um filho do mesmo nome, de idade de 12 anos, que voltou com seu pai a Parnaíba, tendo este apreendido e conquistado tantos índios, que com eles se poderia fazer uma vila, renunciando por essa ocasião a exploração de minas do precioso metal, mas tendo obtido a certeza de sua abundância pelo estratagema de lançar fogo a um vaso de aguardente em presença dos índios, que, aterrados, prometeram mostrar os lugares em que existia; e pelo que daí em diante o denominaram – Anhanguera – que significa Diabo Velho […]. (SILVA LEME, 1903, pp. 503-545).
Vide link dedicado neste site.
"Bartolomeu Bueno da Silva, o 2º Anhanguera, bisneto de Maria Pires, nasceu em Santana de Parnaíba, em 1672 e faleceu pobre, em Vila Boa de Goiás, em 1740, a cidade que criou (ou em Santana de Parnaíba SP, sua cidade natal). Com a idade de apenas 12 anos já acompanhava seu pai ao sertão e em 1722, se apresentou ao Gov. Rodrigo Cesar de Menezes para explorar de novo os sertões de Goiás. Organizou uma numerosa comitiva, que incluiu o sobrinho ANTONIO FERRAZ DE ARAÚJO, filho de MARIA PIRES BUENO, neto de Bartolomeu Bueno da Silva (pai) e bisneto de MARIA PIRES (de Medeiros) e de Bartholomeu Bueno d(a) Ribeira" GPSL.

A VIDA DOS ANHANGUERAS
A história dos bandeirantes no Brasil foi marcada por aspectos contraditórios de ascensão e queda, prestígio e ostracismo. Em Goiás, não foi diferente, a exemplo dos lendários sertanistas Bartolomeu Bueno da Silva, pai e filho, respectivamente, desbravadores do sertão dos Goyazes e fundador da Vila Boa de Goyaz.

A vida (real e sofrida) do Anhanguera [Anhang]=diabo; [êra]=velho = diabo velho!) e seus descendentes evidencia a distância abissal entre o imaginário e a realidade. A tradição lendária do bandeirante está presente em todos os espaços goianos – monumentos, praças, ruas e até na bandeira da capital do estado de Goiás, como um herói imbatível e audaz.

Bartolomeu Bueno da Silva O Anhanguera I (nosso decavô) foto de Alan de Rodrigues (Pires Pimentel) de Camargo Anhanguera XII em 2015 no Jardim Trianon - Avenida Paulista SP - mármore branco do italiano genovês Luigi Brizzolara, 1935. 

Estátua de Bartolomeu Bueno da Silva, O Anhanguera, na Praça dos Bandeirantes, em Goiânia-GO. Escultor: Armando Zago

Bartolomeu Bueno da Silva,
1º Anhanguera (pai), faz parte daqueles primeiros bandeirantes movidos pelas dificuldades econômicas, pelo tino sertanista e pelo espírito de aventura. A Vila de São Paulo de Piratininga, da Capitania de São Vicente, localizada geograficamente no centro da circulação fluvial (Tietê) e terrestre, se constituiu no foco das bandeiras que desbravaram o interior do Brasil, em especial, Goiás (GALLI, 2007).

(Nota: Mais provável tenha partido de sua cidade natal Santana de Parnaíba, às margens do mesmo rio Tietê, tradicional saída de bandeiras e monções em direção ao Oeste e Norte do Brasil)
Entrementes, a vida dos Anhangueras difere do imaginário citado, sendo pouco conhecida e divulgada: o 1º morreu durante expedição aos sertões dos Goiás, em local desconhecido; quanto ao 2º Anhanguera, melhor sorte não lhe assistiu. É o que nos mostra o escritor Bento Jayme Fleury Curado, mestre em Letras e Linguística e Doutor em Geografia pela Universidade Federal de Goiás:
[…] Conforme documentação oficial, a partida da bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, de São Paulo, ocorreu em Julho de 1722 e por volta de três anos permaneceu perambulando. Enfrentaram peripécias várias, muita fome, pestes, revoltas internas e fugas. O empreendimento foi um fiasco e retornaram sem alcançar o objetivo, embora muita controvérsia haja sobre o dito assunto. […]
A partir de todas as riquezas encontradas no sertão de Goiás, o governador de São Paulo (Conde de Sarzedas) concedeu ao Bandeirante Anhanguera II o cargo de capitão-mor da nova região. Era o mês de Agosto de 1732, quase 280 anos passados.

Vila Boa de Goiás em 1803 pintura de Joaquim Cardozo Xavier (reprodução de Alan de Camargo)

(Nota: Ele e seus sócios paulistas sofreram cruel e escandalosa perseguição de um governador picareta, famigerado ladrão e trapaceiro, Caldeira Pimentel, associado a outro escroque do ouro de Cuiabá, que lhes fizeram falsas acusações incriminadoras,  sequestrando suas descobertas auríferas e contratando um padre jesuíta para envenenar a dos sócios nas minas, João Leite (seu genro), quando este seguia em viagem a Portugal, partindo da Bahia, para defender a sua honesta causa perante o rei (que também era outro picareta, em provável conluio com Caldeira Pimentel).
As criações de prédios, da estrutura da vila não passariam pelo critério do alcunhado fundador de Vila Boa. Esta ordem foi cumprida parcialmente pelo governador D. Antonio Luiz de Távora (Conde de Sarzedas), que faleceu na viagem. O governador que o sucedeu veio então, efetivar a Carta Régia em 1739. A esse governador, D. Luís de Mascarenhas, reconhecido, é imputada a doação de uma arroba de ouro a Bartolomeu Bueno filho, tido por pobre e alquebrado, injustiçado, devido aos inúmeros achaques do picareta Caldeira Pimentel durante seus (de)serviços prestados à Coroa.

Também segue, depois, que os órgãos metropolitanos não aprovaram o procedimento (reis identicamente picaretas, como foram todos da dinastia dos Bragança, pura maçonaria de ladrões), a família teria os bens sequestrados para a restituição do valor. Começa nesse momento a decadência dos descendentes do Bandeirante.

"Embora seja visto como um mártir que morreu no Arraial da Barra, completamente esquecido e desprestigiado, Bartolomeu Bueno da Silva entrou para a história como o herói sonhador, capaz de lutar pelo enriquecimento seu e da pátria, elevando o prestígio de seus descendentes, o que de fato, não ocorreu. Na verdade, os Anhangueras passaram, na esteira do tempo, por vexames e confiscos". […] (CURADO, 2012, p. 3)
(Nota: mas não passaram em vão quanto à glória da Raça de Gigantes bandeirante, segundo Saint-Hilaire!)
A CRÍTICA (injusta) AOS BANDEIRANTES
A descoberta do ouro, o povoamento da Região Centro-Oeste e a guerra contra o indígena caracterizaram um processo de ocupação colonial e capitalista, com a "expropriação das terras dos nativos"(?), "destruição dos recursos naturais"(?), mediante política indigenista de manipulação e exploração dos índios “mansos” (Bororo) contra os índios “bravos” (Kaiapó), a serem exterminados. 

(Vide nosso site dedicado BANDEIRANTES DE BATALHA PAULISTAS! https://bandpauli.blogspot.com.br
Dentre os bandeirantes que prestaram serviços aos mineradores e à política oficial de colonização determinada pelos reis de Portugal e implantada pelos governadores do Brasil Colônia, estavam também os sertanistas paulistas Antônio Pires de Campos (Pai Pirá) pai e filho:
[…] Antônio Pires de Campos, enquanto comandante militar, não tinha a função de catequizar, cristianizar ou fazer os índios perder sua cultura original e assimilar a dos colonizadores, embora isso fosse inevitável, previsto e até desejado. Seu papel imediato era outro: comandar um grupo de índios guerreiros, e que como tais deveriam permanecer sob o risco de serem substituídos, e lutar permanentemente contra os Kaiapós até livrar a Estrada do Anhangüera e os povoados de seus ataques, o que implicava destribalização e alteração da estrutura social tribal.[…] (RAVAGNANI, 1996, p. 237)
(Nota nossa: Os Caiapós chegaram até a invadir a Vila de Jundiaí!).
A Companhia de Jesus seiscentista desempenhou um papel de contraposição (pura sabotagem geopolítica) à política oficial de colonização. Ao contrário dos pioneiros quinhentistas jesuítas Antônio Pires e outros, como Leonardo Nunes, João Aspicueta Navarro, Affonso Braz, Vicente Rodriguez, Leonardo Nunes, coordenados pelos padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, chegaram à Capitania da Bahia de Todos os Santos, em 1549 e à Capitania de São Vicente, em 1553, dando início às primeiras instituições escolares, que serviriam de núcleos de povoamento civilizatório do Brasil Colônia.

Em contraste, os colonizadores se opuseram ao processo de povoamento dos jesuítas, pois se voltavam naturalmente para a cultura das terras que, sendo a fonte mais segura de riqueza, a partir da mão-de-obra escrava(sic) (domesticada, parceirizada) dos nativos, dispensaria métodos civilizatórios de colonização.

[…] Onde os braços para trabalhar nas grandes culturas, proporcionadas a vastidão das terras de que se viam de posse, por sesmarias? Não havia a procurá-los senão na classe dos vencidos, que eram tratados com desprezo pelos novos povoadores. Destes, uns que aceitaram pacificamente o jugo dos portugueses, trabalhavam impelidos pela fome por salário muito minguado; outros que não quiseram sujeitar-se e que tentaram à força de armas sustentar a sua independência, tiveram sorte mais cruel, porque vencidos nos combates, ou aprisionados nas matas onde procuravam refúgio, eram, sob a denominação de administrados reduzidos à escravidão, sendo obrigados a trabalhos forçados, sem salários e sujeitos a castigos corporais. […] (SILVA LEME, 1903, p. 134)*
*Nota: Tratava-se de trogloditas inimigos ferozes, canibais genocidas e xenófobos, vencidos em batalha e guerra justa em legítima defesa. Os pacíficos, como os tupi-guaianás eram tratados como aliados, com todos os mimos, tinham toda liberdade e andavam bem armados!
A rivalidade entre os padres jesuítas e os colonizadores deflagrou uma reação oficial à Companhia de Jesus. Esta, por sua vez, recebeu o apoio lusófono de JOÃO PIRES, que foi um nobre cidadão de São Paulo, influente e respeitado nas votações das assembleias do governo da Capitania de São Vicente:
[…] João Pires Rodrigues pôde vencer a odiosa lembrança com que os moradores de São Paulo repugnavam a instituição dos padres jesuítas, que tinham sido lançados do seu colégio para fora da Capitania de São Vicente em junho de 1640*, e durou a sua expulsão até o ano de 1653, em que o respeito, amor e veneração de João Pires (declarado protetor dos jesuítas) mereceram aos moradores de São Paulo que recebessem aos padres com afabilidade, lavrando-se termo de transação e amigável composição entre todos, assim se conseguiu em 14 de maio de 1653. […] (SILVA LEME, 1903, p. 135).
*Vide a verdade conspiratória sobre os jesuítas no link de Salvador Pires e Capitão Francisco Nunes de Siqueira, ambos com links dedicados neste site, além de blogs dedicado às Bandeiras https://bandpauli.blogspot.com.br

EM CHÃO GOIANO
As Cartas de Sesmarias foram instituídas pela Lei das Sesmarias, em 1375, durante o processo de formação do Estado nacional português. O sistema das sesmarias tinha por objetivo permitir o avanço da agricultura em terras abandonadas ou incultas e impedir o exercício da propriedade rural improdutiva.

O regime fundiário de uso, ocupação, posse e domínio das terras no Brasil Colonial era regido pelo sistema das sesmarias, adaptado pela Coroa Portuguesa à instituição das capitanias hereditárias. Os reis de Portugal faziam a concessão das cartas de sesmaria aos colonos desbravadores das terras incultas, demarcadas pela unidade agrária das léguas de sesmaria (cada légua de sesmaria correspondia a 6.600 metros (lineares).

De acordo com Paniago (2011), o descobrimento das terras brasileiras por agentes da Coroa foi interpretado no ordenamento jurídico português como forma de aquisição originária: assim, todas as terras do futuro território brasileiro foram designadas como públicas. (Com exceção à Capitania de S. Vicente - que opõe-se a este critério generalista o particular foral de tombo de D. João III concedido a D. Martim Afonso de Souza, declarando sua donataría autônoma e completamente isenta de quaisquer intervenções governamentais lusas - vide nossa pg. de rosto).

Posteriormente, as concessões realizadas por meio das cartas de sesmarias e várias posses de áreas públicas foram convertidas em propriedade privada. O instrumento probatório do domínio eram os Registros Paroquiais de Terras, instituídos por força do Regulamento para Execução da Lei nº 601/1850, aprovado pelo Decreto nº 1.318, de 30 de janeiro de 1854.

As cartas de sesmarias eram registradas sob a administração dos donatários das capitanias hereditárias, em caráter público e oficial, pelas autoridades competentes, junto às paróquias locais, que eram ligadas ao Estado.

O autor Paniago, na obra citada, destaca que o Estatuto das Terras Devolutas – Lei nº 601, de 18 de setembro de 1850, reproduziu o modelo fundiário colonial, mesmo após a Independência do Brasil. Este modelo, que perdurou até 1916, constituiu-se no fundamento das políticas de desenvolvimento social e econômico nacional.

Em terras goianas, o ancestral conhecido mais antigo dos Pires foi o Senhor Quintiliano Pires dos Santos, casado com Dona Francisca Vieira de Moraes, que desbravou extensas áreas de terras na região sudoeste de Goiás, em meados do século XIX, ainda sob a égide do regime jurídico das sesmarias do Brasil Colônia.

As terras adquiridas pelo Sr. Quintiliano foram registradas junto às paróquias locais e reconhecidas pelo Estado em caráter oficial. Os filhos do Sr. Quintiliano e D. Francisca – Francisco, Felícia e Manoel Pires de Moraes, deram continuidade ao trabalho desbravador dos pais e constituíram extensas propriedades rurais, perfazendo 60 mil alqueires de terras, em regime de criação extensiva de gado, permitindo o povoamento e o surgimento de importantes vilas, distritos e cidades do sudoeste do estado como Palmeiras de Goiás, Paraúna, Turvânia, Varjão, Indiara, Edéia, Acreúna e Turvelândia.

O desbravamento promovido pelo Sr. Quintiliano e D. Francisca, seus filhos Francisco, Letícia e Manoel Pires de Moraes, antecipou, em séculos, a aplicação do caráter social e econômico da propriedade da terra, sendo marcado pela responsabilidade socioambiental, pelo trato humano, educado, civilizado, construtivo e propositivo para com as pessoas e os interesses coletivos.

Mesmo em um tempo historicamente caracterizado pelo escravagismo, maus tratos, humilhação, perseguição e violência contra os nativos, negros e desfavorecidos, corriqueiramente praticados como métodos para a aquisição e domínio da propriedade da terra no Brasil-Colônia e na República Velha, não há qualquer nódoa de tal conduta desonrosa lançada contra os desbravadores Quintiliano, Francisco, Letícia e Manoel Pires de Moraes, orgulhos da Família Pires em Goiás.

Compilação de Osmar Pires Martins Júnior, Filho de Amélia Pires Sardinha, Neto de Manoel Pires de Moraes SITE DA FAMÍLIA PIRES/RS. Uma breve narração da origem da família Pires e do brasão.
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